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Ensaio conta vida do padre e “fervoroso nacionalista angolano” Manuel das Neves

A vida do cónego e nacionalista angolano Manuel das Neves foi apresentada em Lisboa, num ensaio do historiador José Manuel da Silveira Lopes que, em livro, conta como o prelado inspirou o início da luta pela independência de Angola.

Nichole Sobecki:

O livro intitula-se "O Cónego Manuel das Neves - Um Nacionalista Angolano (Ensaio e Biografia Política)" e, ao longo de 208 páginas, o ensaio de José Manuel da Silveira Lopes conta o "fervoroso nacionalista angolano" que "lutou persistentemente pela independência da sua terra e do seu povo".

Editado pela Nova Vega, pertencente à Coleção "O Facto e a Verdade", o ensaio é apresentado hoje na Torre do Tombo, em Lisboa, pelo jornalista Carlos Veiga Pereira, na presença do editor Assírio Bacelar e do autor.

"Considerado como uma figura relevante da história de Angola, o cónego Manuel das Neves notabilizou-se pela rara coragem com que inscreveu o seu nome nas lutas de independência desse país", escreveu fonte da editora sobre o homem que faleceu a 11 de Dezembro de 1964, aos 70 anos, três e meio depois do início da "rebelião de (4 de Fevereiro de) 1961" (dia que marcou o início da luta armada).

"Indignado com as iniquidades e prepotências exercidas sobre o seu povo, começou por as denunciar do alto do seu púlpito, mas foi sobretudo na condição de vogal efectivo do Conselho do Governo da colónia, lugar que ocupou em 1945, que a sua voz se levantou com mais ímpeto", acrescenta a editora.

Dezasseis anos depois, "não hesitou em inspirar a rebelião de 1961" e apoiar as actividades da União dos Povos de Angola (UPA), por achar que, mais do que padre, tinha a obrigação de defender um povo oprimido.

"Essa tão difícil decisão, entre o dever eclesiástico e a luta pela independência de Angola, valeu-lhe naturalmente a prisão e a reclusão até ao fim dos seus dias", lembra a editora sobre o homem que nasceu a 25 de Janeiro de 1896, no Golungo Alto, na província do Kwanza Norte.

Sacerdote católico, mestiço, natural de Angola, as suas actividades levaram-no em Março do 1961 à detenção pela PIDE polícia política do regime colonial, em Luanda, de onde foi transportado para a prisão do Aljube, tendo, depois, por imposição do regime de António Oliveira Salazar, ficado com residência fixa em Portugal, onde viria a falecer em 1964.

Acusado pelo regime salazarista de ser "um dos principais dirigentes terroristas", Manuel das Neves acabaria, alguns meses mais tarde, por sair do Aljube e, depois, do forte de Caxias, após a Igreja Católica e o Governo português terem concordado em fixar residência em casas religiosas.

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