Ver Angola

Desporto

Inês Horta: “O wakeboard é um desporto recente que já tem cerca de 30 anos de desenvolvimento”

A paixão pelo desporto aquático foi herança de família. Com apenas quatro anos começou no ski aquático. Agora, aos 33 anos, com 16 anos de wakeboard na bagagem, e com uma medalha de ouro em competições nacionais, o objectivo passa por dinamizar a modalidade no país, através de uma escola de wakeboard no Mussulo. Inês Horta, que foi também vice-campeã nacional, em Portugal, realça ainda a criação da classe Pro Women, no campeonato nacional, em Angola, que permitiu pela primeira vez a competição separada da classe masculina.

:

Inês, em primeiro lugar fale-me um pouco sobre si... Onde nasceu e cresceu, que idade tem, o que estudou...

Chamo-me Inês Horta, tenho 33 anos, filha de pai angolano e mãe portuguesa, nasci e cresci na cidade de Tomar, Portugal. Mais tarde fui estudar para Lisboa, onde me formei em Arquitectura, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Depois de terminar a minha formação, decidi mudar-me definitivamente para Luanda onde vivo actualmente com a minha família, e onde desenvolvo também a minha actividade profissional. Além de wakeboard, pratico também ski slalom, snowboard, ski de montanha e ténis.

Como e quando surgiu a paixão pelo desporto aquático?

Esta paixão posso dizer que foi herdada da minha família, pois o meu pai e os meus tios já praticavam ski aquático na baía do Lobito, na década de 60, com um par de skis em madeira feitos pelo meu avô! Passávamos as férias de Verão em família, na barragem do Castelo de Bode, um paraíso a 10 minutos de Tomar, que é também um dos locais com as melhores condições para a prática destes desportos em Portugal. Desde cedo o meu pai nos incentivou, a mim, à minha irmã e a todos os meus primos a praticar desportos náuticos. Experimentámos tudo o que era novidade: slalom mono ski, bare-foot, bananas, bóias, jet skis, airchairs, kneeboard, fazer ski com oito pessoas ao mesmo tempo, etc… No meu caso, sendo das primas mais novas, comecei por fazer ski aquático aos quatro anos, quando ganhei o gosto e nunca mais parei!

Visto ser um desporto ainda recente, porque escolheu o wakeboard? O que o diferencia de outros desportos aquáticos e o que o torna mais apelativo para si?

O wakeboard é um desporto relativamente recente…  Mas que já tem cerca de 30 anos de desenvolvimento. Surgiu na década de 80 e começou por se chamar skurfing. Era praticado com uma prancha de surf adaptada com footstraps [alças] e lembro-me ainda de ter tido uma prancha destas!

Durante a década de 90 houve uma grande evolução da modalidade começando pelo desenvolvimento de pranchas mais parecidas com o snowboard, que acabaram por dar o nome oficial ao desporto: wakeboard. Com estas novas pranchas, um conjunto de wakeboarders começaram a desenvolver manobras progressivamente mais agressivas, como backrolls, tantrums, 540´s, até chegarem aos dias de hoje, onde os campeões mundiais chegam a fazer 1080´s e manobras duplas com regularidade.

Comecei por escolher o ski slalom como desporto de eleição, mas com o passar dos anos o wakeboard começou a ganhar o seu espaço. Primeiro por ser uma novidade, mais tarde por ser um desporto com mais variedade de manobras, mais radical, mais relaxado e com mais convívio entre praticantes, mas também por exigir muito menos condição física. Talvez por estes motivos cresceu exponencialmente a nível internacional nos últimos 10 anos, ultrapassando largamente os praticantes de slalom.

Há quanto tempo pratica a modalidade e desde quando entra em competições?

Penso que foi no final do ano 2000 que experimentei pela primeira vez uma prancha de wakeboard! Foi com um amigo meu, o Nuno Eça, que teve um papel muito importante no desenvolvimento da modalidade em Portugal e que agora tem uma escola de wakeboard no Castelo de Bode, a Wakevilla! www.facebook.com/wakevilla

Em competições, entrei num campeonato nacional em Portugal, em 2004, onde fiquei em segundo lugar... Mas entrei apenas por brincadeira, nunca pensei sequer ir à final!

Em Angola, entrei nas duas competições realizadas em 2015 e 2016.

Quais são as suas melhores manobras? E as que gostava de conseguir fazer?

As minhas manobras preferidas são 180´s, switch 180´s, toeside wake jumps, indy grabs, powerslides, butterslides, entre outros. Um dia gostava de fazer um air railey, uma manobra que parece o super-homem a voar! 

Para si, este desporto radical é só um hobby ou algo mais?

É só um hobby, mas se pudesse passava o dia na água a fazer wakeboard.

Quem são os seus ídolos na modalidade? Há algum veterano que destaque?

Da primeira geração e já veterano, o Parks Bonifay, talvez um dos que mais desenvolveu a modalidade nos finais de 90, e que aterrou o primeiro 1080. Da segunda geração o Shaun Murray, pela irreverência que trouxe à modalidade. Da nova geração, o actual campeão mundial, Harvey Clifford. E das praticantes femininas destaco a Dallas Friday.

Em Portugal destaco o Francisco Lopes, pela regularidade que sempre teve nas provas em que participou e pela inspiração que trouxe a uma nova geração de wakeboarders portugueses.

Ainda este ano, no Mussulo Wake Fest, subiu ao pódio do Campeonato Nacional de Wakeboard Freestyle, na classe Pro Women, arrecadando a medalha mais cobiçada. Foi difícil alcançar o ouro? O que representou para si esta conquista?

Mais importante do que subir ao pódio, foi pela primeira vez ser criada a classe Pro Women que permitiu a competição separada da classe masculina! As mulheres de Angola estão de parabéns por conquistar este lugar, uma vez que em 2015 não existia.  Agora temos de continuar a aumentar o número de praticantes para fazer o campeonato de 2017 ainda mais competitivo!

Entrar numa competição é sempre difícil, mas felizmente costumo praticar wakeboard regularmente no Mussulo com um grupo de amigos, que me deram alguns conselhos valiosos. Esta conquista é também do nosso grupo, pois conseguimos também arrecadar o 1.º lugar masculino dentro do grupo, com o Bernardo Laruça.

Qual o espírito que se vive no Mussulo durante os campeonatos?

Este é um campeonato em que, mais importante que vencer, é a promoção da modalidade e o convívio entre participantes e espectadores. O espírito é bastante relaxado, e a festa ajuda a animar o evento. É o espírito Mussulo Wake Fest!

Quantas vezes já subiu ao pódio? E em qual das vezes lhe deu mais gozo?

Fui vice-campeã nacional, em Portugal, na categoria feminina, em 2004. Mas a mais gratificante foi no Campeonato Nacional de Wakeboard Freestyle 2016! Foi a primeira vez que alcancei o primeiro lugar num desporto competitivo.

Que medalha ainda não ganhou mas ambiciona ganhar?

O Campeonato Nacional de Wakeboard Freestyle 2017! Já estamos à espera e a treinar.

Quais são os seus objectivos como wakeboarder? Está envolvida em algum projecto sobre a modalidade?

Gostava de ajudar a desenvolver a modalidade em Angola, e aumentar a exposição da mesma junto de novos praticantes de todas as idades. Junto com amigos, tenho vindo a desenvolver o projecto de uma escola de wakeboard, no Mussulo, com parcerias nacionais e internacionais. Um objectivo secundário mas não menos importante, é pôr o meu filho a fazer wakeboard ou ski com três anos… (risos) Com dois anos já iniciou a bóia e o kneeboard! 

Há mais alguma coisa que gostaria de acrescentar?

Agradecer e felicitar a Social Team pela iniciativa e organização do evento, e também pelo dinamismo que têm tido na promoção do wakeboard, e de outros desportos em Angola. Agradecer também aos patrocinadores, que apoiaram e tornaram possível a realização do evento.

Galeria

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.