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Director do Centro de Estudos da UAN alerta para volume da dívida pública contraída

O director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) defendeu a criação de condições estruturais para garantir o futuro pagamento da elevada dívida pública que está a ser contraída pelo Estado para minimizar a crise petrolífera.

: Centro de Estudos e Investigação Científica
Centro de Estudos e Investigação Científica  

O economista Manuel Alves da Rocha comentava à Lusa o recente anúncio do lançamento da primeira emissão de 'eurobonds' pelo Estado angolano, que pretende angariar até 1,5 mil milhões de dólares nos mercados internacionais, e que se junta a outros empréstimos por instituições estrangeiras.

Além desta emissão de 'eurobonds' - títulos de dívida pública em moeda estrangeira -, que poderá estar fechada na próxima semana, o Governo angolano prevê um endividamento público para 2015, compensando a quebra das receitas petrolíferas, superior a 20.000 milhões de dólares.

"A situação de pressão em termos de divisas é séria, é tremenda, e a economia angolana não pode viver sem divisas, sem importações", alerta o economista e director do CEIC, da Universidade Católica de Angola, sublinhando que estes empréstimos até podem vir a servir para "aliviar a pressão da taxa de câmbio" e da desvalorização do kwanza, aumentando a capacidade de crédito da banca à economia, reduzindo os juros.

"Ainda que seja assim, é uma estratégia aceitável, não há muita crítica a fazer à volta disso, mas o que temos de pensar é que com os empréstimos que estamos a contrair agora, o lançamento de 'eurobonds', isso vai significar que dentro de cinco ou seis anos vamos ter de pagar", sublinhou, recordando, por outro lado, as constantes revisões em baixa do crescimento da economia nacional.

Além destes empréstimos, já este mês foi anunciado que a nova linha de crédito concedida pela China a Angola será de 6000 milhões de dólares e financiará projectos e obras públicas a realizar já em 2016 e 2017.

"E se tudo isto é contraído [os vários empréstimos internacionais] em divisas, vamos ter de ter divisas para pagar isso. Pode haver um alívio momentâneo da actual situação, mas temos de começar a criar condições seguras, estruturadas, para que no futuro o cumprimento do serviço da dívida, o pagamento de quem subscreveu os 'eurobonds', seja feito sem muita turbulência", alertou Alves da Rocha.

Essa base estruturada, defende, passa por diversificar a economia, desenvolvendo alternativas de exportação ao tradicional petróleo (98 por cento do total), para criar novas fontes de entrada de divisas no país.

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