Numa intervenção no seminário que decorreu hoje em Lisboa sobre a nova lei do investimento privado, organizado pela Abreu Advogados, Paulo Varela perguntou e deu a resposta: “Como se estão a sair os empresários portugueses neste contexto desafiante? A resposta não é particularmente positiva”.
Para sustentar a resposta, Paulo Varela lembrou a quebra de 27 por cento das exportações este ano, mas lembrou que mesmo assim “Angola é o segundo destino mais importante para os empresários nacionais fora da União Europeia apesar desta redução, e as vendas acumuladas para Angola até Agosto chegaram aos 1.500 milhões de euros”.
Um dos sectores mais afectados pela descida do preço do petróleo nos mercados internacionais desde o Verão de 2014, e consequente quebra nas receitas angolanas, obrigando a uma forte travagem na despesa pública, nomeadamente nos investimentos em construção e infra-estruturas, foi o sector onde operam as construtoras portuguesas, que desde a crise económica em Portugal procuraram na exportação a resposta para a contracção do mercado nacional.
“A suspensão e cancelamento no sector das obras públicas trouxe grandes problemas às construtoras”, considerou Paulo Varela, sublinhando que apesar do mediatismo dos efeitos da crise económica, o futuro poderá ser risonho.
“Mesmo num enquadramento claramente difícil, o Produto Interno Bruto vai crescer este ano à volta de 3 ou 3,5 por cento, e o Governo espera que cresça mais do que 4 por cento, por isso também nós, na CCIPA acreditamos que Angola ultrapassará esta crise e que os empresários portugueses, que já provaram estar à altura das dificuldades, e que estão presentes em todas as províncias e em todos os sectores, serão sempre um parceiro presente e empenhado em Angola”, vincou.
Paulo Varela salientou que a nova lei do investimento não é a única legislação que vai melhorar o ambiente empresarial, há outras leis que foram aprovadas nos últimos meses e nas quais “os empresários depositam grandes expectativas porque introduzem grandes alterações”.
O gestor que acumula a presidência da CCIPA com um cargo de gestão na petrolífera portuguesa Galp, apontou como exemplos “a actualização da pauta aduaneira para aumentar a tributação dos bens considerados de luxo e desonerar os produtos básicos, a eliminação das subvenções à gasolina e brevemente também ao gasóleo”
Paulo Varela destacou ainda “a aprovação de um código de valores mobiliários e uma nova lei geral do trabalho, que se pensa vai traduzir-se num maior equilíbrio entre empresa e trabalhador, e espera-se que dinamize o mercado de trabalho e facilite a contratação”.