"Esta atitude é totalmente aberrante, porque até antes desse episódio vivido por nós, cogitávamos que os actos de intolerância política eram apenas vividos pelos partidos políticos, ver um acto desses a ser perpetrado contra a sociedade civil é totalmente aberrante", disse o coordenador do Jango Cultural, Luís de Castro, em declarações à Lusa.
Segundo o líder da organização não-governamental, a palestra, que decorreu no Sábado, naquela localidade, foi interrompida, em quase 15 minutos, por agentes da polícia, do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado e do Serviço de Investigação Criminal, que questionavam o comprovativo da autorização da realização do encontro.
Luís de Castro conta que 40 minutos depois do início da palestra "As armadilhas do Sistema Eleitoral Angolano" efectivos de defesa e segurança apareceram no local e queriam entrar no espaço, os companheiros à porta não admitiram, gerando-se "uma confusão".
"Em conversa com segundo-comandante municipal este perguntou se tínhamos autorização da administradora municipal para realizar a palestra, prontamente respondi que não havia nenhuma lei que autorizava a realização da palestra", disse.
O responsável do Jango Cultural referiu que apesar da realização da palestra não carecer de autorização, os membros da organização comunicaram, dois dias antes, à administradora municipal do Andulo.
"Então, ficou lá um alvoroço, que depois conseguimos controlar, falámos com as autoridades policiais e depois de quase quinze de minutos conseguimos controlar a situação e continuámos a palestra", realçou.
Castro questionou igualmente as motivações da intervenção policial no Andulo, recordando que as intimidações começaram horas antes do início da palestra, quando os organizadores tomavam o pequeno-almoço.
Albino Pakisi, filósofo, analista político e um dos oradores da referida palestra, também deplorou, em declarações à Lusa, os constrangimentos registados no município do Andulo, classificando o ato como "intolerância política dirigida à sociedade civil".
"Foi uma situação muito desagradável, eu pelo menos que saí de Luanda com a sensação de que as coisas andam bem pelo país, mas afinal chegados ali no Andulo foi um bocadinho pesado", salientou, condenando a tentativa de cancelamento da atividade por parte da polícia.
A Lusa tentou contactar as autoridades administrativas do Andulo, mas sem sucesso.