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Saúde

Cooperação portuguesa em investigação em saúde formou 300 angolanos em 10 anos

Cerca de 300 angolanos beneficiaram, nos últimos dez anos, da formação do Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), projecto financiado pelas autoridades de Angola e de Portugal em quase 10 milhões de euros.

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O projecto, criado em 2007 no âmbito de uma parceria entre o Ministério da Saúde, Governo Provincial do Bengo e a Cooperação Portuguesa, através dos Instituto Camões e a Fundação Calouste Gulbenkian, recebeu a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que se encontra em Luanda no quadro da visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola, que decorreu entre Segunda e Terça-feira.

Em declarações à agência Lusa, o investigador e coordenador do CISA, Miguel Brito, realçou que a gestão do projecto passou para as autoridades angolanas, no ano passado, 10 anos após ter começado.

Ao longo dessa década, acrescentou, um total de cerca de 300 pessoas foi formada nos vários níveis na área da saúde e da investigação, desde técnicos médios de saúde, técnicos de saúde, enfermeiros e médicos.

Segundo o investigador português, foram ainda formados vários estudantes em finais de licenciatura e estudantes de mestrado, estando em curso a formação de oito estudantes de doutoramentos.

"O balanço grande é a quantidade de angolanos que temos vindo a ajudar a formar em áreas altamente especializadas da saúde e com graus académicos extremamente importantes para o quadro nacional. Tem sido sempre a nossa preocupação, não tanto as infra-estruturas pesadas – temos os nossos laboratórios, os nossos espaços – mas preocupamo-nos e temo-nos preocupado em formar pessoas", referiu.

Durante 10 anos, prosseguiu Miguel Brito, a formação passou pela realização de 22 projectos, com financiamentos nacionais e internacionais, e que levou à publicação de 22 artigos em revistas científicas internacionais de especialidade, com revisores, e a apresentação de perto de 60 trabalhos em congresso.

O coordenador do CISA realçou que a aposta durante estes anos foi igualmente para a participação em congressos internacionais, com vista a divulgar e atrair mais investigadores nacionais e internacionais, parcerias com instituições nacionais e internacionais, com hospitais, universidades ou outros centros de investigação pares, nacionais e internacionais.

Sempre pautado pela investigação, o CISA realizou vários estudos em doenças prevalecentes na província angolana do Bengo, vizinha da de Luanda, e também pelo resto do país, virados sobretudo para as doenças infecciosas, nomeadamente parasitas intestinais, como a malária, a principal causa de morte no país.

"Temos estudos também em doenças não comunicáveis, por exemplo, em hipertensão arterial, cardiovasculares, que também já é um problema, e obesidades. Estudos relacionados com a malnutrição, quer materna quer infantil, e na perspectiva, às vezes não tanto, da falta do alimento, mas na formação do tipo de alimento, da diversidade alimentar e nas várias faixas etárias", salientou.

Os estudos estendem-se ainda à área da genética, nomeadamente à prevalência das anemias, células falciformes, as doenças filiarias linfáticas, a oncocercose, também conhecida por cegueira dos rios, cujo número de casos têm vindo a diminuir ao longo dos anos, mas que ainda constitui um problema de saúde pública.

Miguel Brito disse que, além do Bengo, as investigações expandiram-se ainda às províncias do Uíge, Luanda e Benguela.

Sobre os desafios na implementação do projecto, o investigador apontou as dificuldades na obtenção de financiamentos e na fixação dos investigadores no Caxito, capital do Bengo, onde se encontra instalado o CISA.

Todavia, relativamente aos financiamentos, a situação tem registado melhorias, segundo Miguel Brito, porquanto "o CISA começou a ficar mais conhecido internacionalmente e a dar provas das suas capacidades".

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