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Eaglestone: melhorar condições de vida dos angolanos é essencial

O economista-chefe da consultora Eaglestone considerou que o novo Presidente terá de melhorar as condições de vida dos cidadãos, "senão poderá ter uma surpresa desagradável como perder a maioria ou até as próximas eleições".

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Em declarações à Lusa a propósito da tomada de posse de João Lourenço, esta semana, o economista salientou que a melhoria do ambiente de negócios, da confiança dos investidores externos e das condições de vida da população deverão ser as principais prioridades do sucessor do histórico Presidente angolano.

"As pessoas que agora começam a votar são muito jovens e daqui a cinco anos provavelmente a maioria já terá nascido com Angola em paz", disse Tiago Dionísio, acrescentando que José Eduardo dos Santos "é reconhecido, valorizado e apoiado por ter trazido e mantido a paz no país".

A questão, apontou, é que "a classe política está consciente que os problemas de boa parte da população são outros, já não são a questão da paz, são antes as desigualdades, a fraqueza dos serviços públicos, e tem de haver uma preocupação política com estas questões, senão poderão ter uma surpresa desagradável como poder a maioria ou até as eleições", dentro de cinco anos.

Questionado sobre o país que João Lourenço vai receber de José Eduardo dos Santos, quando tomar posse na Terça-feira, Tiago Dionísio assumiu estar "preocupado com as perspectivas de crescimento em Angola".

O nosso país, o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana cresceu acima de 8 por cento durante a última década, "mas no ano passado teve um crescimento zero ou até uma recessão, e as perspectivas para este e para os próximos anos apresentam estimativas de 1 a 1,5 por cento".

Sobre a melhor forma de acelerar esse crescimento, insuficiente para impedir o PIB per capita de descer, o economista-chefe da Eaglestone disse que "para além da diversificação económica, falada há anos, os esforços devem concentrar-se na introdução de medidas que melhorem o investimento privado doméstico e internacional".

O petróleo, admitiu, vai continuar a ser o grande motor do crescimento angolano, mas "há sectores com um potencial brutal, como os serviços, o retalho e a agricultura", que pode ser aproveitada tendo em conta a necessidade da China e da Índia de alimentar uma população a crescer, e "isso é algo que as autoridades angolanas podiam explorar".

Sobre o novo estilo de João Lourenço e quais as diferenças com o seu antecessor, Tiago Dionísio admitiu que "existe uma enorme expectativa" e considerou que "a escolha da equipa e o próximo Governo vão ditar muito do que o novo Presidente quer para o país".

Deverá haver, concluiu, "alguma preocupação em melhorar a transparência e as condições para o investimento privado em Angola e que o país consiga arrepiar caminho na diversificação", tornando-o menos susceptível à volatilidade dos preços das matérias-primas, até porque "o petróleo não vai chegar aos 100 dólares nos próximos anos".

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