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Gastronomia

Chef Carla Ferraz: “A cozinha é como a moda, vamos seguindo as tendências em função do que está in ou out”

Carla Ferraz nasceu em Luanda, mas cresceu em Portugal. Antes de regressar ao país que a viu nascer, passou ainda pela Suíça, onde fez a sua formação na área pela qual se apaixonou desde pequena: a gastronomia. Em Angola, foi no MiraLua que ascendeu ao cargo de chef e onde trabalha actualmente. Encarou o desafio de frente, mesmo sendo ainda muito jovem e sendo mulher, um factor que ainda gera alguma controvérsia em Angola, mas considera a batalha diária gratificante. Especialista nas gastronomias francesa e italiana, gosta ainda de revisitar os grandes clássicos, e encontrou na cozinha não só uma profissão, mas também uma receita terapêutica para ultrapassar o stress do dia-a-dia.

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Fale-me um pouco de si... Onde nasceu, como foi a sua infância, onde estudou...

Sou uma pessoa muito positiva, para mim há sempre um lado positivo em tudo. Nasci em Luanda, mas cresci em Portugal, no Barreiro exactamente, onde fiz o ensino primário e em adolesceste fui para a Suíça, onde fiz o ensino médio e a minha formação neste ramo. Trabalhei alguns anos e decidi conhecer melhor as minhas raízes. Tive uma infância turbulenta, não gosto de falar sobre isso.

Em criança já gostava de cozinhar, ou a paixão pela cozinha surgiu depois?

Sim, já gostava de cozinhar em pequena, mas obviamente às escondidas porque não tinha autorização para me aproximar do fogão. Mas mesmo assim, quando me encontrava sozinha ou com as minhas irmãs em casa atrevia-me, e apanhava um raspanete depois… (risos)

Que tendências segue na sua cozinha? E que alimentos mais gosta de confeccionar?

A cozinha é como a moda, vamos seguindo as tendências em função do que está in ou out... Mas o que eu mais gosto é de criar ementas. Gosto muito de confeccionar sobremesas com ervas aromáticas e especiarias. Amo revisitar os grandes clássicos.

Até que locais é que o gosto por esta profissão a levou? Passou por vários restaurantes? Que experiências recorda?

Passei por vários restaurantes e alguns lares. Recordo-me do princípio da minha formação, quando comecei a conhecer os alimentos no seu estado mais bruto, ficava fascinada em ver que com um só produto podemos fazer várias receitas.

Neste momento, é Chef no Miralua, um belíssimo espaço que dispensa apresentações. Foi aqui que ascendeu ao cargo de Chef. Como é dirigir a cozinha de um espaço tão conceituado?

Não é uma tarefa fácil, visto a minha jovem idade e ao facto de ser mulher, um factor que em Angola ainda gera algum complexo. Mas tirando essa batalha diária é um lindo desafio. 

Considera Angola um bom país para estar ligado a esta profissão?

Acho Angola um país maravilhoso, embora tenha as suas dificuldades. Angola é um país bom para se estar ligado à gastronomia, mas tem que se ter estômago para tal.

Gosta da culinária nacional ou prefere a gastronomia de outros países?

Confesso que não sou dotada na gastronomia angolana, mas tento me aperfeiçoar. Mas as minhas especialidades são as gastronomias francesa e italiana.

Quais as especialidades gastronómicas angolanas que destaca?

A muamba de galinha e o famoso bolo de ginguba, são especialidades angolanas que revisitei e dei um toque, meio gourmet, meio africano.

É ainda muito jovem... O que é que ainda está por fazer na carreira da Chef Carla Ferraz?

Confesso que sou bastante ambiciosa e de momento não posso falar mais.

A distinção do restaurante com uma estrela Michelin é importante para si? Considera-a como um reconhecimento do seu trabalho?

Obviamente, um sonho que penso vir a realizar um dia, se Deus assim o desejar.

É sem dúvida prestigiante esse destaque atribuído por críticos culinários e jornalistas da área gastronómica. No entanto, em termos práticos, considera que seja um factor que as pessoas têm em consideração quando escolhem um restaurante para uma refeição? 

Para ser honesta não, as pessoas escolhem o restaurante mais pela boa comida, e pelo bolso, obviamente.

Por fim, cozinha para viver ou vive para cozinhar?

Direi os dois, embora cozinhar acabe por ser terapêutico para mim, pois quando estou muito nervosa meto-me a cozinhar, e sou capaz de fazer as refeições dos três dias seguintes, e com direito a sobremesas! (risos)

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