A informação resulta de dados preliminares do Ministério das Finanças de Angola sobre a execução orçamental de Junho, compilados hoje pela agência Lusa, que indicam também uma forte recuperação das receitas (+223 por cento) face ao mês anterior, de Maio.
Angola enfrenta uma crise financeira, económica e cambial decorrente da forte quebra (cerca de 50 por cento) das receitas com a exportação de petróleo, devido à redução da cotação do barril de crude no mercado internacional e à entrada de divisas no país.
No total do mês de Junho, o Estado angariou 200 mil milhões de kwanzas em receitas correntes e de capital (sobretudo operações de crédito), contra os 570 mil milhões de kwanzas.
No sentido inverso, no mesmo mês, as despesas totais do Estado ascenderam a 300 mil milhões de kwanzas, uma redução de 48 por cento face a Junho de 2014. Comparativamente com o mês anterior de Maio, a despesa do Estado cresceu 50 por cento, no espaço de um mês, atingindo desta forma o valor mais alto de 2015.
A relação entre os totais de receita e despesa, tendo em conta os dados preliminares da execução orçamental, indicam que Angola terá registado um défice de cerca de 98 mil milhões de kwanzas nas contas públicas de Junho.
O Presidente José Eduardo dos Santos, anunciou a 02 de Julho um aumento da despesa pública no segundo semestre deste ano, depois dos cortes na revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) devido à crise do petróleo.
Disse, na altura, que as receitas públicas "aumentaram ligeiramente" até ao final do primeiro semestre, melhoria que relacionou com a subida das receitas dos sectores petrolífero e não-petrolífero, mas também com a aprovação de várias linhas de financiamento ao Estado.
O peso do petróleo nas receitas fiscais cifrou-se em 2014 em cerca de 70 por cento, mas deverá cair este ano para 36,5 por cento, o que levou o Governo a rever o OGE em Março último, cortando um terço em todas as despesas públicas.