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Construção lidera entre mais de sete mil empregos perdidos em Angola com a crise

Mais de 7000 angolanos já perderam o emprego este ano, sobretudo na construção civil, devido à crise financeira e económica que o país atravessa, segundo dados dos sindicatos referentes apenas a quatro das maiores províncias.

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De acordo com números transmitidos à agência Lusa pelo secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), o sector da construção civil é que mais sente a falta de recursos financeiros no Estado, devido à quebra para metade das receitas fiscais com a exportação de petróleo, tendo perdido mais de 6500 empregos este ano.

Números que, enfatiza Manuel Viage, se referem apenas à situação nas províncias de Luanda, Benguela, Cuanza Sul e Huíla, sendo a construção um sector que, segundo a estimativa da UNTA-CS, contava com mais de 60.000 trabalhadores, dos quais 20.000 sindicalizados.

"Onde de facto o sector da construção é aquele que apresenta maiores indicadores de desmobilização", diz Manuel Viage, em entrevista à Lusa, em Luanda.

O secretário-geral da confederação sindical angolana reconhece que as dificuldades do Estado nos pagamentos estão na origem do corte, que poderá ser de dez por cento, na força laboral na área da construção civil em Angola.

"São empreitadas prestadas ao Estado e que agora o Estado mostra indisponibilidade de mantê-las, porque não tem como honrar os compromissos. E nessas situações os empreiteiros fecham a obra e desmobilizam o estaleiro, colocando os trabalhadores numa situação de desemprego", reconheceu.

Manuel Viage não cita números ou nomes de empresas, mas confirma que a situação afecta igualmente "pelo menos duas" construtoras de origem portuguesa que operam em Angola e que se viram obrigadas a reduzir a actividade.

A quebra abrupta da cotação do barril de crude no último ano fez diminuir as receitas fiscais angolanas com a exportação de petróleo, levando o Governo a cortar um terço de todas as despesas públicas previstas, revendo também alguns projectos.

O sindicalista diz ainda não ter dados sobre a forma como a força laboral portuguesa na construção civil em Angola está a ser afectada, recordando apenas que o desemprego que começa a crescer - a taxa de desemprego ronda os 24 por cento - resulta sobretudo de contratos a termo com trabalhadores angolanos que chegam ao fim e que não são renovados, precisamente por as construtoras não terem mais projectos em carteira.

Sobre as empresas portuguesas de construção presentes em Angola, Manuel Viage assume que o "tratamento já foi pior" e que há menos reclamações dos trabalhadores angolanos, tendo até reduzido a sinistralidade laboral.

Depois da construção civil, o sector do comércio e serviços, com mais de 350 empregos perdidos, e da indústria, com uma centena, são os mais afectados pela crise.

Angola conta com cerca de um milhão de trabalhadores que fazem descontos para o sistema de segurança social, entre os sectores público e privado, mas a UNTA-CS estima que mais cinco milhões possam trabalhar no mercado informal, fora deste regime e sem qualquer tipo de protecção.

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