A informação consta do relatório mensal sobre a venda de divisas (dólares) no mês passado aos bancos comercias e casas de câmbio, com o banco central angolano a reconhecer que continua a priorizar vendas para alguns sectores face à necessidade de "assumir a responsabilidade de intervenção no mercado, para satisfazer as operações definidas como prioritárias, pelo Executivo.
Situação que, esclarece ainda o BNA, resulta de um "contexto de diminuição das disponibilidades cambiais e elevado risco de desequilíbrio" do mercado, "face à redução dos ‘stocks' alimentares e de matérias-primas, bem como riscos de paralisação dos serviços essenciais ao funcionamento da economia".
Em causa está a crise financeira, económica e cambial que Angola atravessa, fruto da forte quebra da cotação internacional do barril de crude, que fez diminuir para metade as receitas fiscais com a exportação de petróleo e com isso a entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de bens alimentares, matérias-primas ou máquinas.
O BNA vendeu no mês de Agosto 1.115,70 milhões de dólares em divisas, incluindo aos bancos comerciais, sendo que deste total 719 milhões de dólares foram "direccionadas", consoante as prioridades definidas.
A maior fatia das reservas prioritárias (40,65 por cento) foi destinada precisamente para a aquisição de bens alimentares ao exterior, com 292 milhões de dólares em divisas vendidos apenas para esse efeito.
Dentro destas reservas prioritárias, o sector petrolífero garantiu 182 milhões de dólares em divisas, enquanto para operações comerciais foram garantidos 60 milhões de dólares. Para as casas de câmbio, e como forma de retirar pressão à procura de dólares pelos clientes nos bancos comerciais, foram destinados 28 milhões de dólares, dentro das reservas prioritárias.
As restrições colocadas pelo BNA, nomeadamente com a priorização de sectores para atribuição de divisas, justificam-se com a queda na disponibilidade de dólares no país. Em Agosto de 2014, o banco central tinha vendido 2.167,88 milhões de dólares em divisas, montante que caiu 48,5 por cento face ao mesmo mês deste ano.