Segundo uma nota do Ministério da Saúde a que o VerAngola teve acesso, as bebés - unidas pelo abdómen - chegaram à capital com apenas seis dias de vida, transportadas pela Força Aérea Nacional. Desde então, foram acompanhadas por várias equipas médicas do hospital pediátrico, para garantir que atingiam o peso ideal para a cirurgia, que ocorreu agora após completarem sete meses.
O complexo processo cirúrgico envolveu uma equipa multidisciplinar, exclusivamente composta por profissionais angolanos, e liderada pelo cirurgião Luciano César Chinganda, que contou com o apoio de especialistas em cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, anestesiologia e cuidados intensivos.
Tendo sido separadas com sucesso, e após 72 horas, as gémeas apresentam "uma recuperação satisfatória", devendo receber alta nos próximos dias. Encontram-se clinicamente estáveis, com bom estado nutricional, em plena recuperação e sob vigilância permanente da equipa médica multidisciplinar do hospital, reforça a nota.
"Cada cirurgia é um desafio único. Encarámos esta missão com responsabilidade, dedicação e espírito humanista. A nossa maior recompensa é o bem-estar das nossas pacientes e a satisfação dos seus familiares", afirmou o cirurgião.
Já Hélio de Almeida, pediatra e Director Pedagógico do hospital, destacou a aposta do Executivo na formação de quadros nacionais e elogiou o impacto do Programa da Unidade de Implementação do Projecto de Formação dos Recursos Humanos em Saúde (UIP), liderado pelo Ministério da Saúde. "Angola tem demonstrado capacidade técnica e humana para enfrentar desafios complexos no sector da saúde. É essencial reforçar este modelo e levá-lo a mais unidades hospitalares no país", afirmou.
A mãe das bebés, Margarida Cassete, de 34 anos, agradeceu a todos os que tornaram possível este desfecho positivo: "Estou muito feliz. Quando vi as minhas filhas separadas e bem, só pude agradecer a Deus e a toda a equipa médica. Agradeço também ao Governo Provincial do Moxico e à Ministra da Saúde, que nos apoiaram desde o início".
Esta é a décima cirurgia do género a ter lugar no país, tendo sete sido realizadas no Hospital Pediátrico de Luanda, considerado já referência nacional no que diz respeito à separação de gémeos siameses.
A acompanhar o processo esteve a própria ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, que foi mesmo visitar as bebés ao hospital, acompanhada pelo secretário de Estado para a Saúde Pública.
Durante a visita, a ministra destacou o sucesso da intervenção como símbolo do avanço da medicina nacional: "Este é um grande ganho para o nosso país e uma vitória da nossa ecola de medicina, que tem demonstrado competência em várias áreas da pediatria. É também um reflexo dos frutos da nossa independência: equipas médicas angolanas, formadas localmente, a realizar intervenções de elevada complexidade com profissionalismo, humanismo e excelência técnica,” afirmou.
A governante agradeceu o apoio do Ministério da Defesa, através da Força Aérea Nacional, pela pronta evacuação das bebés do interior do país, o que permitiu o início imediato dos cuidados médicos especializados.
“Este caso é a prova viva de que o investimento contínuo na formação e capacitação dos nossos profissionais está a dar frutos. Angola já registou 10 cirurgias de separação de gémeos siameses, sendo sete realizadas aqui no Hospital Pediátrico David Bernardino, o que muito nos orgulha,” sublinhou a ministra.
A visita terminou com palavras de encorajamento à família e aos profissionais de saúde, que continuam a acompanhar de perto a recuperação das bebés, garantindo-lhes cuidados clínicos e apoio psicossocial.