O convite foi feito pelo Presidente da República e da União Africana, João Lourenço, durante a abertura da nona edição da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD9), esta Quarta-feira, em Yokohama.
Na ocasião, o chefe de Estado enfatizou ser fundamental que ao nível das instituições internacionais de crédito, que apoiam o desenvolvimento, bem como os países credores, seja possível conceber fórmulas que facilitem o financiamento necessário à concretização da agenda de desenvolvimento de África.
“Regozijo-me muito particularmente com o facto de a parceria estratégica da África com o Japão estar em perfeita harmonia com um dos eixos prioritários da Presidência temporária da União Africana, o que situa o vosso país numa posição de parceiro que considero incontornável na edificação de infra-estruturas em África”, destacou o Presidente João Lourenço.
O papel desempenhado pelo TICAD desde a sua criação em 1993 foi enaltecido pelo Estadista, que considerou um fórum fundamental para o diálogo, cooperação e promoção de acções concretas em prol do desenvolvimento sustentável de África.
João Lourenço destacou igualmente os desafios enfrentados pelos países africanos no período pós-pandemia da COVID-19, que acentuou fragilidades já existentes e atrasou a execução de programas de desenvolvimento.
Para o líder, a recuperação exige maior investimento em saúde, educação, segurança alimentar, energia e mobilidade, com enfoque nas infra-estruturas de suporte à digitalização.
O Presidente da União Africana reafirmou que a luta contra a pobreza continua a ser central e que a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, aliados à Agenda 2063, depende do empenho colectivo e da cooperação internacional: “Vivemos num mundo interdependente e não há alternativa ao multilateralismo”, frisou.
Na sua intervenção, João Lourenço advertiu para os riscos do ressurgimento do proteccionismo e das tensões geopolíticas, que ameaçam a ordem mundial baseada no direito internacional. Considerou, por isso, relevante o alinhamento entre o Japão e África em torno da defesa do multilateralismo e da cooperação como bases numa ordem internacional justa e previsível.
Ao contrário de outros credores, assinalou João Lourenço, o Japão tem assumido uma postura distinta no financiamento de África, com condições favoráveis e impacto visível em projectos estruturantes.
No entanto, lamentou que o acesso limitado ao crédito continua a penalizar os países africanos, muitas vezes classificados como mutuários de alto risco pelas agências internacionais.
No seu discurso, João Lourenço manifestou preocupação com os conflitos que ainda perduram no continente africano, anunciando que Angola realizará, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Setembro próximo, uma Reunião Especial do Conselho de Paz e Segurança da União Africana para aprofundar a análise sobre as causas dos conflitos em África e perspectivar soluções adequadas.
A TICAD, que decorre por três dias, reúne Chefes de Estado e de Governo africanos, altos funcionários da ONU, executivos do Banco Mundial, empresários e figuras da sociedade civil.
A cerimónia de abertura foi marcada por discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres, e dos co-presidentes da TICAD, designadamente Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão, e o Presidente da União Africana, João Lourenço.
