A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (ANASO), que celebra 30 anos de existência, referiu que Angola continua a apostar na resposta medicalizada, construindo hospitais, “o que é bom”, mas apesar desse esforço continua a faltar humanização nos serviços de saúde e o país “continua a registar constantes rupturas de medicamentos de primeira linha” para a sida, tuberculose e malária.
A ANASO, que congrega 315 organizações membros espalhadas nas 18 províncias nacionais, e os seus membros entendem ainda que o momento “é de prevenção” para ajudar a reduzir o peso das doenças sobre o sector da saúde, salientando que o perfil epidemiológico de Angola ainda é dominado por doenças transmissíveis.
A malária, principal causa de mortes e de internamentos hospitalares em Angola, representa 29 por cento da procura de cuidados de saúde e 45 por cento das mortes registadas entre crianças menores de cinco anos, a tuberculose apresenta uma morbimortalidade relativamente alta com uma alta taxa de incidência e a sida continua a ser uma preocupação por causa dos altos índices de estigma e discriminação, salienta a ONG.
Na mensagem alusiva aos seus 30 anos de existência, a ANASO defende mesmo a criação de um fundo de apoio para as acções comunitárias de prevenção contra a sida, tuberculose e malária e que o país precisa de uma política nacional de saúde comunitária.
Considera que uma política nacional de saúde comunitária deve empoderar as lideranças comunitárias e estabelecer uma “estrutura de referência comunitária robusta e sustentável” que contribua para o alcance da cobertura universal dos cuidados primários de saúde.
“Por essa razão, a ANASO vai continuar a fazer advocacia para responsabilização dos decisores e implementação de acções baseadas na interação entre a ciência, o activismo e a política, não deixando ninguém para trás”, refere-se na mensagem assinada pelo presidente da associação, António Coelho.
A ANASO, constituída a 20 de Agosto de 1994, lamenta ainda por não obter, até ao momento, o estatuto de instituição de utilidade pública, apesar da sua “indiscutível participação social e da sua caminhada histórica em prol de Angola e dos angolanos”.
Desde a sua constituição, o percurso histórico da ANASO foi marcado por muitas dificuldades para se afirmar, contando sempre com o “tímido apoio” do executivo e de outros parceiros, salienta-se ainda na mensagem, acrescentando que limitações financeiras “não permitiram fazer muito mais”.