No total serão realojados no Cuatir (província do Cuando Cubango) um grupo de 30 elefantes que viviam até agora do outro lado da fronteira, noutra reserva privada, o Mount Etjo Safari Lodge, que conta com mais de 8000 animais.
Em declarações à Lusa, o responsável do Cuatir, Stefan Van Wyk sublinhou que esta é a primeira vez em 50 anos que os elefantes regressam de forma permanente à região nacional, devido à prolongada guerra civil que dizimou grande parte da fauna selvagem.
O conservacionista explicou que a Namíbia vive uma seca de quase cinco anos na área de Okonjati e que os alimentos começaram a escassear na reserva, levando à necessidade de realojar alguns animais.
“Começámos há um ano atrás na preparação deste movimento”, adiantou Van Wyk, realçando que o Cuatir tem “alimentação suficiente, água limpa e até 1974 tinha a maior área de elefantes em Angola”.
Na reserva angolana de vida selvagem, que se expande ao longo de 40 mil hectares, os elefantes dispõem de uma área de 20 mil hectares e vão coabitar com gungas, kudus, impalas, palancas-vermelhas e outros antílopes, zebras, girafas e diversas outras espécies que têm estado a ser reintroduzidas ao longo dos anos.
A cerca de 1500 quilómetros de Luanda, entre os rios Cubando e Cuíto, o Cuatir tem estado a ser desenvolvido pelo conservacionista namibiano que descobriu o local em 2012 e ambiciona torná-lo no maior parque privado em África.
Para trazer os restantes animais da manada, estão programadas mais duas viagens, estimando-se que o grupo esteja reunido em Angola até ao final deste mês.
Os elefantes foram capturados no dia 5, e chegaram ao Cuatir 48 horas depois viajando por 700 quilómetros de estradas, picada e areia, em contentores especiais adaptados a estes mamíferos.
Uma semana depois, Stefan Van Wyk afirmou que os elefantes “estão muito felizes”. “Não andam muito, encontram facilmente comida e água e encontramo-los todos os dias”, disse, acrescentando que “pouco a pouco, irão explorar melhor” o novo habitat.
Num comunicado, os proprietários do Mount Etjo Safari Lodge, Alexander e Annette Oelofse, relatam que a decisão foi motivada pela necessidade de gerir a população de animais selvagens no local, que excedeu a capacidade de carga da área devido à seca actual.
“A deslocação foi essencial para evitar mais stress para os elefantes e para o ecossistema local. Nas próximas semanas, serão recolocados mais 10 a 20 animais”, salientaram.
O transporte e deslocação dos animais foram assegurados com apoio das autoridades angolanas e namibianas, bem como equipas veterinárias que acompanharam a operação.
“O Mount Etjo Safari Lodge continua empenhado na preservação e protecção da vida selvagem. Este esforço de relocalização sublinha a nossa dedicação em manter o equilíbrio ecológico e garantir que as gerações futuras possam desfrutar da beleza e diversidade da vida selvagem de África”, destacaram os responsáveis.