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Dirigente da UNITA denuncia carga policial contra militantes e fala em 10 feridos. Polícia justifica com “desacatos”

O líder da JURA, braço juvenil da UNITA, denunciou na Sexta-feira uma carga policial ao ser recebido por militantes do partido no Moxico, incidente que provocou 10 feridos, um dos quais grave. Por sua vez, a Polícia Nacional justificou a intervenção policial contra militantes da UNITA no Moxico, com a necessidade de “reposição da ordem” face a actos de desobediência e desacatos contra a autoridade.

: Facebook Nelito Da Costa Ekuikui
Facebook Nelito Da Costa Ekuikui  

Em declarações à Lusa, Nelito Ekuikui disse que chegou na Sexta-feira pelas 12h00 ao aeroporto de Luena (província do Moxico) para uma jornada de trabalho com a JURA (Juventude Unida Revolucionária de Angola), tendo os militantes que se encontravam à sua espera sido dispersados pela polícia com recurso a gás lacrimogéneo.

"Estes jovens estavam lá para me receber e meteram a PIR [Polícia de Intervenção Rápida] no aeroporto. Quando estávamos a tentar sair começaram a atirar gás lacrimogéneo e a disparar contra nós", afirmou Ekuikui, acrescentando que a intervenção terá sido dirigida pelo comandante provincial adjunto da Polícia Nacional.

Segundo o secretário-geral da JURA, também deputado da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), o objectivo seria "inviabilizar" a concentração dos jovens, tendo a carga policial resultado em 10 feridos, um dos quais com gravidade.

"Foi uma acção premeditada", acusou, dizendo que não houve provocações por parte dos jovens, nem exibição de cartazes ou palavras de ordem ou qualquer acto que levasse à carga policial.

Nelito Ekuikui, que partilhou os vídeos na sua página da rede social Facebook, disse que não houve detidos e acrescentou que também foi atingido com uma granada de gás lacrimogéneo nas costas, queixando-se de "intolerância política" e "intimidação", que aconteceram em ocasiões anteriores.

"Já houve um incidente destes no Cuando Cubango, no dia 24 de Junho. Em todo o sítio onde eu estava tinham polícia de elite numa clara tentativa de intimidação. Tive de sair sem concluir a minha jornada", disse à Lusa.

O responsável da JURA considerou que só não houve uma intervenção policial na altura porque "os jovens não marcharam".

Questionado sobre o que iria fazer a UNITA perante estes acontecimentos, Nelito Ekuikui disse não ter informação para dar nesta altura.

Por sua vez, a Polícia Nacional justificou a intervenção policial contra militantes da UNITA no Moxico, com a necessidade de "reposição da ordem" face a actos de desobediência e desacatos contra a autoridade.

Num comunicado divulgado na página da rede social Facebook da Polícia Nacional, o Comando Provincial do Moxico diz que a intervenção se deveu ao facto de terem sido desobedecidas indicações previamente acordadas entre a polícia e os organizadores da recepção a Nelito Ekuikui, "quanto ao movimento da delegação visitante desde o aeroporto até ao lugar de acomodação".

As autoridades angolanas dizem que o facto da visita de Ekuikui ter sido comunicada "com bastante atraso", ocorrendo em simultâneo outras actividades, seria necessário encerrar várias artérias da cidade "tendo as partes acordado no sentido de excluir a passeata que havia sido programada".

No mesmo comunicado, referem que depois do desembarque da delegação da UNITA, os militantes tentaram realizar a passeata, "procurando forçar a barreira de segurança, insurgindo-se contra as forças policiais, com actos de desacato e desordem pública".

Na sequência, as forças policiais "reagiram, repondo a ordem, tendo sido apreendidos 11 motociclos abandonados pelos intervenientes nos actos de desordem".

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