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Diamantífera lamenta prejuízos por greve na Sociedade Mineira do Cuango

O presidente do Conselho de Administração da Endiama lamentou a greve que se regista na Sociedade Mineira do Cuango, pelos prejuízos que deverá causar na produção de diamantes do país.

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"Claro que não é bom, prejuízos existirão, porque o Cuango hoje é uma empresa que estará com o nível de facturação mensal na ordem dos cerca de oito milhões de dólares, se deixa de trabalhar, naturalmente que as vendas vão reduzir-se", referiu José Ganga Júnior, questionado pela Lusa.

José Ganga Júnior, que falava à margem da assinatura de um acordo entre a Endiama e sindicato de trabalhadores da empresa, comentou a paralisação da empresa diamantífera, localizada na província da Lunda Norte, iniciada no dia 20 de Julho passado, com os trabalhadores a reclamarem melhoria de condições básicas.

Segundo o presidente da Endiama, as partes estão em negociações, mas o tribunal considerou a greve ilegal.

"Relativamente ao Cuango, o que nós temos a dizer é que o tribunal decidiu a favor da empresa, declarando que não foram observados os requisitos normais para uma greve e estamos a trabalhar com o sindicato, bem como com a comissão sindical e a CGSILA [Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola], que é o órgão que tutela a comissão sindical no Cuango, no sentido de repormos a normalidade", referiu.

José Ganga Júnior manifestou preocupação com a deterioração dos equipamentos, destacando que as empresas mineiras estão estruturadas para não pararem a sua produção.

"Nós trabalhamos 365 dias por ano e as 24 horas do dia. Então, isso traz de facto alguns problemas nos equipamentos, muito principalmente nos de tratamento de minério, porque há produtos que têm de estar em movimento permanente e, por outro lado, é o próprio mau ambiente que se cria", referiu.

Sobre o assunto, o secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto, em declarações à Lusa, questionou a decisão supostamente tomada pelo tribunal, realçando que a greve se mantém.

Francisco Jacinto contou que a empresa "simulou que queria negociar com a comissão sindical" e surgiu no encontro com um juiz, que declarou a greve ilegal.

"O próprio juiz - não é a empresa - coisa inédita no país, nem no mundo nunca vimos isso, o juiz deslocar-se até à empresa, reunir com os trabalhadores e a empresa, e ele fazer a declaração que a greve era ilegal", referiu.

De acordo com Francisco Jacinto, a CGSILA vai posicionar-se sobre isso, fazendo uma participação do juiz junto ao Conselho Superior da Magistratura Judicial "pelo comportamento do juiz".

"Ele próprio [o juiz] se encarrega de levar o documento e fazer a leitura, antes de notificar a parte interessada", disse o sindicalista, considerando haver "um acto tendenciosamente de corrupção".

"Não pode o juiz abandonar o seu gabinete para ir em companhia do presidente de gerência, ele próprio anunciar junto dos trabalhadores que a greve é ilegal e obrigar os trabalhadores naquele mesmo momento a suspenderem a greve", acrescentou, informando que os trabalhadores decidiram manter a paralisação dos trabalhos.

"Essa é a informação que tenho - não sei se hoje houve alteração, mas até essa hora não tenho informação nenhuma - e abandonaram a sala, foi assim que aconteceu", sublinhou.

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