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Professores acusam ministério de violar acordos e admitem novos “desentendimentos”

O Sindicato Nacional dos Professores de Angola (Sinprof) acusou o Ministério da Educação de não resolver os problemas dos docentes que tutela e desrespeitar acordos, admitindo novos “desentendimentos” que levaram anteriormente a greves.

: Lusa
Lusa  

O secretário-geral do Sinprof reagia assim ao anúncio feito na Quinta-feira pela ministra da Educação, Luísa Grilo, relativo à abertura de um concurso público para contratação de 11 mil novos professores.

Para Admar Jinguma, esta é uma boa notícia na medida em que o sistema de educação carece de muitos professores – estimando que sejam necessários entre 68 e 88 mil novos docentes –, mas é também uma "resposta paliativa" que fica distante das necessidades reais.

"Todos os anos temos professores que partem para outra dimensão da vida ou que chegam ao fim do seu tempo de trabalho", notou, mostrando-se "desiludido" com o Ministério da Educação na medida em que este concurso vai ser realizado com as verbas das vagas que foram sendo geradas no sistema, por mortes, passagem à reforma, transferências ou demissões.

"À medida que o tempo passa, a necessidade vai aumentando e a resposta que o sistema dá é incipiente para cobrir a necessidade", reforçou o sindicalista, lamentando que as verbas associadas não sirvam para resolver o problema dos professores que já estão no sistema, mas com remunerações incompatíveis, alguns com salários inferiores a 100 mil kwanzas.

"Este foi o compromisso que o ministério assumiu com o Sinprof na mesa das negociações, em 15 de Dezembro de 2022", afirmou, considerando "muito grave" que os compromissos sejam violados e salientando que as vagas que o sistema gera "devem servir para resolver os problemas internos".

Admar Jinguma comparou a situação dos professores com os filhos que são gerados enquanto os outros não estão a viver bem.

"Não faz sentido continuar a fazer novos filhos quando os que temos estão numa condição deficiente", vincou, acrescentando que o ministério está a repetir o que já fez em 2020, quando existiam já 140 mil professores com categorias desajustadas e foram contratados 10 mil auxiliares de limpeza.

O sindicalista disse que o ministério está "mais interessado em contratar novos professores de forma paliativa do que em resolver os problemas gritantes dos professores que estão no sistema com categorias e carreiras desajustadas".

"O ministério nunca está interessado em resolver os problemas dos professores que tutela e contrata novos professores para que estes tenham um salário melhor do que os que estão no sistema", criticou.

E indicou que o mês de Outubro poderá trazer o anúncio de novas paralisações, já que "havendo uma violação grave do que ficou acordado", o sindicato irá recorrer à lei.

"Vamos ter reunião do órgão colegial no mês de Outubro e certamente se o ministério não corrigir o tiro podemos não ter boas notícias", realçou.

"Os conselheiros do Sinprof que vão estar reunidos no dia 29 de Outubro vão ter certamente uma posição firme e podemos estar na iminência de repetir os desentendimentos que tivemos no ano passado nos meses de Novembro e Dezembro", avisou, aludindo às greves que tiveram lugar em 2022.

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