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PCA da TAAG nega venda da empresa e diz que companhia “não está a despedir pessoal”

A venda da companhia aérea estatal foi desmentida pela presidente do Conselho de Administração (PCA) da TAAG, Ana Major, que aproveitou para informar que a empresa “não está a despedir pessoal, tão pouco Pessoal Navegante de Cabine (PNC)".

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Foi através de um comunicado, em formato de entrevista, que a responsável desmentiu os rumores em torno da venda da empresa. Na nota, enviada à Angop, Ana Major esclarece que a TAAG não foi vendida a um grupo espanhol.

A PCA explica que a empresa diz respeito a uma entidade "cuja estrutura accionista é composta pelo IGAPE (50 por cento), ENNA (40 por cento) e Fundo Social dos Funcionários e Trabalhadores do Sector dos Transportes (10 por cento)", adiantando que embora pertença ao domínio privado, está nas pretensões do Governo avançar com a sua privatização "dentro de um lote de outras companhias a serem privatizadas".

Contudo, esse processo irá depender "de várias condicionantes do contexto de mercado (volatilidade global no pós-pandemia) e do que nos cabe a todos fazer no sentido da valorização da companhia e dos seus activos", indica, citada pela Angop.

"O processo de transformação e reestruturação da TAAG em curso visa valorizar a empresa no médio e longo prazo, sendo prematuro falar da venda da TAAG", informa.

Ana Major esclareceu igualmente que a TAAG não é uma empresa entregue a estrangeiros: "A TAAG é uma empresa com sede em Angola, e mais de 95 por cento da sua força de trabalho é angolana. Importa, todavia, dizer, que a TAAG é igualmente uma empresa internacional com aspirações de crescimento à escala global e implantada em diversas geografias".

A responsável continuou dizendo que, por outro lado, com o novo aeroporto e com a implementação dos acordos de "Céus Abertos", à empresa "coloca-se um grande desafio de internacionalização e globalização para responder não apenas à privatização, mas também à competição agressiva que já se começa a fazer sentir", sendo que para tal aceitaram "a diversidade" e respeitaram "todos os colaboradores expatriados e consultores que temporariamente trabalham e contribuem para a reerguer a TAAG", não compactuando com "expressões de xenofobia, racismo e discriminação de nenhuma forma".

Além disso, falou igualmente sobre os despedimentos dos colabores, com especial atenção ao Pessoal Navegante de Cabine (PNC), negando que estejam a acontecer despedimentos.

"A TAAG não está a despedir pessoal, tão pouco pessoal do PNC", indicou, acrescentando que existem "alguns poucos colaboradores (PNC) sem vínculo permanente, ou seja, com contrato de trabalho por tempo determinado, tendo estes contratos atingido a sua data de término, não foram renovados, à luz da legislação em vigor e com o devido aviso prévio", mas isso não quer dizer que "os mesmos não possam ser reintegrados no futuro quando a operação crescer e assim se justificar".

"A administração é chamada a tomar medidas de gestão alinhadas com as boas práticas. Não faria sentido num momento em que temos que optimizar o quadro de pessoal da empresa e renovar contratos temporários", acrescentou.

Na entrevista à Angop, mencionou ainda as relações com o sindicato afirmando que a administração da companhia "está aberta a receber todas as forças sindicais e mantém firme o compromisso com uma escuta activa das preocupações dos colaboradores", tendo para tal sido criada "na Direcção de Capital Humano uma área de Relações Laborais para equacionar as questões imediatas e correntes e o Director de Recursos Humanos iniciou já contactos regulares com os sindicatos nesse âmbito, tendo reunido pelo menos duas vezes com o Sindicato do Pessoal Navegante de Cabine (SINPROPNC) durante o mês de Julho".

Acrescentou que o SPLA (Sindicato dos Pilotos) e o Bureau Sindical enviaram cadernos reivindicativos e estão a "dialogar nesse âmbito de forma muito produtiva", acreditando, por isso que ser irá "alcançar compromissos sólidos e de longo prazo que possam corresponder a expectativa de todas partes".

A entrevista serviu igualmente para esclarecer que a empresa em Portugal "não vai fechar", mas que "será mantido um núcleo mínimo e essencial de colaboradores TAAG na escala de Lisboa".

"A exemplo de outras escalas internacionais Espanha/Brasil/África do Sul, onde a TAAG já adoptou o modelo de agenciamento, também Lisboa irá adoptar o mesmo modelo em substituição de escritórios próprios, dando continuidade a sua operação no formato GSA (General Sales Agent) e com um mínimo de colaboradores. A escala de Lisboa será então gerida por uma entidade denominada Summerwind GSA. Estamos também a acautelar os direitos legais dos colaboradores e a tratar dos mesmos com a dignidade que merecem", esclareceu Ana Major.

Questionada sobre se a empresa está a entregar os escritórios em Lisboa a pessoas próximas do actual presidente da Comissão Executiva, Eduardo Fairen Soria, a responsável esclareceu que o nome "Soria" é "muito comum em Espanha" e que "não existe nenhuma ligação familiar entre o CEO da Summerwind, Federico Lledo Soria, e o nosso CEO da TAAG, Eduardo Fairen Soria".

Sobre a escolha da Summerwind, esclareceu que esta tem mais de 25 anos de experiência no ramo da "representação de companhias aéreas e um registo de excelência quanto à qualidade de serviço e atendimento personalizado ao cliente, tendo merecido a confiança de mais de 15 companhias aéreas, enquanto clientes de diversos países do mundo incluindo na américa latina onde a TAAG antecipa crescer".

Questionada sobre o porquê de terem optado pelo formato SGA nas escolas internacionais, Ana Major disse à Angop, que ao analisarem a "estrutura de custos da TAAG foi diagnosticado que as escalas internacionais no modelo tradicional (escritório próprio + staff) eram bastante onerosas e pouco flexíveis para situações de crise (...) ou a volatilidade do mercado, que é uma característica da fase pós-pandemia".

Assim, estudos recentes "validaram igualmente que tendo em conta os custos e os benefícios a melhor opção é a adopção do modelo de representação através de um GSA", disse, complentando que este modelo já foi "aplicado com sucesso" pela empresa noutras zonas, como por exemplo Brasil e África do Sul.

"O modelo GSA demonstra ser o formato mais eficiente, com maior economia de custos e mais ágil para lidar com volatilidade actual de mercados externos. A implementação deste modelo tem trazido resultados bastante positivos ao nível do desenvolvimento do negócio, entre os quais, maior volume de receitas, mais atractividade comercial nas escalas e mais eficiência no atendimento ao cliente", indicou.

Outra das questões da entrevista era se a administração "está a afundar a empresa", à qual a PCA afirmou que não. "Conseguimos finalizar e auditar as contas da TAAG do primeiro semestre de 2022", disse, explicando que "o relatório e contas, o acompanhamento da execução financeira deste período é claro sobre o percurso que estamos a fazer".

"De uma forma global, podemos dizer que a companhia está a reduzir a sua exposição à dívida a fornecedores chave, a reportar cada vez em menor volume resultados negativos, à medida que a atractividade comercial e receita está a evoluir favoravelmente. A nível de operação estamos a crescer em novas rotas, mais frequências de voo, mais parcerias de negócios e a recuperar certificações chave que expandem a nossa reputação junto das entidades locais e internacionais", completou.

Assegurou igualmente que toda a frota Boeing da TAAG não será substituída por Airbus e que a companhia de bandeira não está a alugar aviões Airbus e a colocar apenas tripulação estrangeira.

"A TAAG celebrou um acordo comercial com a ALC (Air Lease Corporation) para a disponibilização de seis aeronaves Airbus A220-300 com entregas faseadas a partir de Agosto de 2023. A operação dessas aeronaves Airbus A220-300 contará exclusivamente com pilotos e pessoal de cabine angolano, bem como, a gestão da manutenção será feita por equipas locais", disse, citada pela Angop.

Sobre uma possível desistência da administração, Ana Major afastou essa possibilidade: "Essa opção não nos foi dada. Nós temos um rumo para a TAAG, e apenas uma direcção a seguir, para frente! Os desafios são enormes, mas a equipa está preparada e capacitada. Contamos com todos nesta jornada. Temos que ter consciência que muitas das decisões a tomar não serão fáceis, mas, serão indispensáveis para a companhia sobreviver, bem como para o legado que todos queremos deixar para a geração do amanhã".

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