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Zungueira que reviveu pavor da guerra na Quinta-feira saúda normalidade em Luanda

A vendedora Juliana Paulo da Cunha reviveu na Quinta-feira, em Luanda, o pavor da guerra, que a forçou a dar à luz o primeiro filho na via pública, após incidentes registados na capital, que regressou esta Sexta-feira à normalidade.

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A agitação registada em Luanda, na sequência de protestos de delegados de lista que exigiam o pagamento dos seus subsídios, foi travada pela polícia, mas a situação foi associada à instabilidade pós-eleitoral, o que causou medo a vários populares.

"Eu vivo mesmo aqui nos arredores, mas todos aqui assistiram quando os carros da polícia aqui circulavam e ontem estava mesmo bem agitado", contou à Lusa Juliana Paulo Cunha, vendedora ambulante de gelado caseiro.

Sentada e com uma caixa térmica num dos passeios do bairro Nelito Soares, arredores do mercado dos Congoleses, a zungueira, como são conhecidas as vendedoras ambulantes, de 70 anos, disse que a situação estava mais calma, desejando que assim continue.

"Hoje está mais calmo e vamos esperar que o dia assim termine, ontem quase que ninguém conseguia circular", recordou.

A anciã, que fez questão de exibir o dedo indicador que indicia ter votado nas eleições de Quarta-feira, não quer ouvir falar em conflitos, por sofrer aos 14 anos na mata, no período do conflito armado.

"Eu cresci já na guerra, entrei com 10 anos na guerra, onde fiz 14 anos na mata a comer refeições sem sal e sem sabão, e depois dessas guerras aqui da cidade você não vai fugir, porque não há espaço para se alojar", lembrou a vendedora de gelado de múcua.

Acrescentou que foi no período do conflito armado que deu à luz ao seu primogénito na via pública, para retractar as consequências da guerra, que não quer voltar a viver.

No mesmo perímetro, Santa da Costa, 29 anos, disse ter perdido mais um dia da sua jornada por preferir ficar em casa, na Quinta-feira, por receio de ver envolvida na "confusão" e de perder o negócio.

"Por medo da confusão preferi mesmo estar em casa e ontem não vim vender", referiu a comerciante de bolachas, enaltecendo a tranquilidade desta Sexta-feira.

A mobilidade de viaturas, maioritariamente táxi, nas principais ruas da capital, a presença de vendedores ambulantes e de outros transeuntes confirmam o regresso à normalidade.

Agentes da polícia, mobilizados para assegurar as quintas eleições gerais, continuam a patrulhar as ruas e avenidas de Luanda, maior praça política do país.

Segundo a polícia, os incidentes, que envolverem agentes eleitorais de alguns partidos políticos concorrentes às eleições, resultaram em várias detenções.

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) venceu as eleições gerais de Angola com 51,07 por cento, seguido da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com 44,05 por cento dos votos, divulgou a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quando estavam escrutinadas 97,3 por cento das mesas de voto.

Os resultados provisórios foram divulgados na Quinta-feira pelo porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, numa altura em estavam escrutinadas 97,3 por cento das mesas de voto, pelo que não deverá haver alterações substanciais, adiantou.

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