Ver Angola

Energia

Trabalhadores da ENDE cumprem primeiro dia de greve

Trabalhadores da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), em Luanda, cumpriram esta Segunda-feira o primeiro dia de greve “exigindo melhores condições laborais, aumento salarial na ordem dos 100 por cento e subsídios de alimentação e transporte”.

: Mário Francisco/Angop
Mário Francisco/Angop  

"Remuneração condigna aos funcionários face ao custo de vida actual" é uma das "exigências" dos grevistas estampadas num dos cartazes afixados na direcção central da empresa pública, em Luanda.

Repartidos por todos os centros de distribuição da capital, dezenas de trabalhadores garantem cruzar os braços durante esta primeira fase da greve, que dura até ao próximo Sábado, pedindo igualmente a "valorização dos recursos humanos".

Em declarações à imprensa, o porta-voz do comité sindical dos trabalhadores da ENDE, Cardoso Gamboa, lamentou o "silêncio" da entidade patronal face ao clamor dos funcionários que dura há um ano.

"Pedimos um aumento salarial de 100 por cento. É importante salientar que em todo o tipo de aumento salarial há negociações, mas o que nos espanta é que durante este tempo de negociações com a administração apresentamos as nossas propostas, mas nunca recebemos uma contraproposta da direcção", afirmou o sindicalista.

Os "acordos" sobre subsídios de alimentação, de transporte e de renda de casa, explicou Cardoso Gamboa, "não foram até ao momento implementados", facto que se "traduz em motivo de descontentamento no seio dos trabalhadores".

A direcção de ENDE considerou, na Sexta-feira, "ilegal" a greve convocada por trabalhadores e admitiu avançar com uma acção judicial.

Numa nota tornada pública, o conselho de administração da ENDE manifestou "total repúdio pela falta de rigor na fundamentação da greve", por "não cumprir com os pressupostos" previstos na Lei da Greve.

A administração da empresa pública anunciou que as exigências constantes do segundo caderno reivindicativo, "após cumprimento do primeiro caderno, foram totalmente atendidas com excepção da proposta do aumento salarial na ordem dos 100 por cento".

Para a ENDE, os signatários da declaração de greve "insistem em seguir um caminho de manifesta insensatez e, porventura, de outros propósitos inconfessos, com a agravante de não cumprirem com os pressupostos da Lei da Greve".

O conselho de administração da ENDE "reserva-se ao direito de intentar todas as providências para afirmar a ilegalidade da convocação da greve, apelando igualmente ao bom senso dos trabalhadores a não aderirem ao movimento grevista, sob pena de incorrerem em ilegalidades".

Esta Segunda-feira, os grevistas garantiram manter os protestos até Sábado não temendo qualquer acção judicial.

"Quanto ao levar funcionários ou sindicato ao tribunal este é assunto da empresa e se a mesma disse que vai levar (o assunto em tribunal) nós só podemos aguardar", atirou Cardoso Gamboa.

Segundo a ENDE, as razões para indeferimento do aumento salarial, cujas receitas actuais da empresa não cobrem os custos operacionais, foram exaustivamente analisadas nos encontros conjuntos entre a administração e o sindicato.

O presidente do conselho de administração da ENDE, Hélder Adão, disse na Sexta-feira, em conferência de imprensa, que a empresa tem maiores custos operacionais a nível do sector, referindo que tem receitas médias de cerca de 6,5 mil milhões kwanzas.

A ENDE, que conta com mais de 4500 trabalhadores, é tutelada pelo Ministério da Energia e Águas.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.