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Autoridades e moradores preocupados com fábrica de pólvora situada em bairro residencial de Luanda

Uma fábrica de pólvora, situada no meio de um bairro residencial da capital, tem preocupado as autoridades e moradores, que temem que venha a acontecer um incidente idêntico ao ocorrido esta semana em Beirute, no Líbano.

: Localização, via satélite, da fábrica de pólvora
Localização, via satélite, da fábrica de pólvora  

O receio foi expresso por Simão de Sousa Pereira Inglês, comandante para os Objectivos Estratégicos da Polícia Nacional, que diz ser urgente corrigir este problema para que Angola não viva um cenário idêntico ao vivido em Beirute - que recentemente foi varrida por uma explosão que feriu milhares e matou centenas de pessoas.

"Se mete um fósforo, aquele bairro todo do Kikolo desaparece", chutou o comandante, em declarações ao Jornal de Angola, admitindo que aquela zona "é um barril autêntico de pólvora".

Para tentar corrigir o problema, o responsável sugeriu que a fábrica seja instalada a, pelo menos, 100 metros das residências.

De acordo com o mesmo jornal, que esteve no local, a fábrica está 'colada' às casas e, para piorar o panorama, existe uma bomba de combustível, uma casa de venda de gás e um mercado informal numa das ruas próximas à unidade fabril.

José Panda, morador daquele bairro apelidado de "Pólvora", contou ser muito difícil adormecer com medo que algo aconteça: "Está a ser difícil apanhar mesmo um sono profundo, pois vivemos ao lado de uma empresa que trabalha com material explosivo. Estamos a correr um grande risco".

Já vários incidentes aconteceram naquela zona. Segundo o morador, há uns anos, houve uma explosão dentro da fábrica que fez tudo estremecer. "A população não conseguiu identificar o que realmente se passou, mas foi uma grande explosão", lembrou.

Outro morador, Kinanvuide Miguel, que reside no bairro "Pólvora" há 14 anos, também lembrou alguns episódios: em 2007, um grupo de crianças entrou dentro da fábrica para roubar um objecto metálico, mas o objecto acabou por explodir e duas crianças morreram.

"Apesar dessa triste situação, ainda hoje, crianças continuam a pular o muro da fábrica para caçar pássaros e procurar material de alumínio, cobre e madeira para vender", lamentou.

Quatro anos depois, disse, outro grupo de crianças ateou fogo próximo da fábrica e as chamas tiveram de ser apagadas pelos bombeiros.

Apesar das preocupações expressas pelos moradores e pelas autoridades, o director de recursos humanos da empresa acabou por descartar eventuais perigos.

Ao Jornal de Angola, o responsável fez saber que a empresa angolana de direito privado, que produz explosivos industriais e importa e vende cartuchos para caça e tiro desportivo, exerce funções desde 1959. Além disso, afirmou que o manuseamento do material explosivo é feito com bastante cautela.

São feitas "auditorias internas e externas, planos mensais de inspecção e limpeza de armazéns, existe um sistema de ventilação 100 por cento natural e pessoal especializado para carga e descarga", disse, acrescentado que a realização de simulacros é feita regularmente.

A Fábrica de Pólvora Santa Bárbara, que se chama actualmente Maxam CPEA, fica situada entre os bairros "Pólvora", no município do Cazenga, e Malueca, em Cacuaco. 

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