De acordo com a VOA, moradores da Lunda Norte e Sul assumem-se em pânico tendo em conta os primeiros casos positivos de covid-19 na região, atribuindo as culpas às autoridades sanitárias e de segurança. Os cidadãos referem o não cumprimento da cerca sanitária – com violações constantes resultantes de subornos a agentes da Polícia Nacional – como a principal causa para o aparecimento de casos nas localidades, supostamente importados de Luanda, o epicentro da doença no país.
Um dos habitantes de Saurimo, capital da Lunda Sul, questiona mesmo a facilidade que vê nas entradas e saídas da região. "Aqui estamos com muito medo, o Governo diz que há cerca em Luanda, mas aqui em Saurimo já temos a doença, porque todos os dias vêm de Luanda para aqui pessoas e também sai daqui para Luanda muita gente", afirmou à VOA. "Agora perguntamos como é que estas pessoas entram e passam nos controlos? Como é que a polícia deixa passar esta gente toda?", questionou.
Também na região do Cuango, na Lunda Norte, o cenário não é diferente. A zona, que registou recentemente o primeiro caso positivo de covid-19 vive assustada com a sensação de incumprimento da cerca sanitária que deveria proteger as províncias. "Há um clima generalizado de medo aqui, temendo o vírus porque não há condições de saúde em caso de surto", afirmou um habitante, confirmando que diariamente entram e saem várias pessoas que passaram por Luanda.
"Registamos sempre a entrada de cidadãos de Luanda para cá e vice-versa, mas não sabemos como é que estas pessoas circulam se existe cerca sanitária", referiu. O munícipe revelou ainda que é do conhecimento geral que, "quem vai para Luanda precisa de centro e tal mil kwanzas", sendo claro que "parte deste dinheiro vai para a passagem e o resto é para o esquema, para facilitar a transição dos controlos", revelou à mesma publicação.
O pânico volta a mostrar-se no Dundo, capital provincial da Lunda Norte, onde os supostos esquemas para aceder à região se mantêm. "Acho que tem havido negligência por parte das autoridades do país, que permitem que se viole a cerca de Luanda", refere um residente, acrescentando que existe conhecimento de pessoas que "todos os dias entram e vão para Luanda".
O cidadão, que descreveu esta falta de rigor como "alarmante", disse ainda que em cada município das Lundas existem três a quatro postos de controle, afirmando que se as normas fossem cumpridas, "nunca seria permitido que a doença chegasse".