A situação foi descrita pelo vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Maurílio Luiele, no balanço preliminar das jornadas municipais, na província de Luanda e em outras 12 regiões do país, nas quais o partido tem deputados.
As jornadas têm como objectivo fornecer elementos que vão sustentar as posições da UNITA nos debates das diferentes matérias, a serem discutidas na próxima sessão legislativa, informou o deputado.
Maurílio Luiele disse que no final será elaborado um memorando com as dificuldades constatadas para ser submetido à governadora da província de Luanda, Joana Lina.
Na Sexta-feira, a visita foi realizada em oito municípios de Luanda, em Saurimo, capital da província da Lunda Sul, e Cuito, capital do Bié, estando as restantes previstas para 31 de Agosto a 5 de Setembro.
Segundo Maurílio Luiele, o trabalho de Sexta-feira resumiu-se a visitas a mercados, contacto com condutores de moto-táxis e populares.
"Podemos dizer que a situação das populações, por aquilo que constatamos, é de uma gravidade tremenda", definiu.
O deputado enumerou áreas do município de Belas, que visitou, salientando que "estão completamente abandonadas à sua sorte" e que "a exclusão social é um facto".
"As populações fizeram um esforço tremendo para construírem as suas casas, embora precárias, mas é um esforço que elas conseguiram, mas o Estado tarda em levar para lá serviços básicos - água, electricidade - as vias de acesso são muito precárias, aquelas populações estão excluídas do rendimento nacional, não contam", frisou.
De acordo com o vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, as áreas visitadas são o retracto de outras zonas de Luanda, "que está mais próxima do poder".
A visita estendeu-se igualmente a algumas unidades hospitalares, nas quais foi constatado que a pandemia de covid-19 retirou parte significativa dos meios que deveriam ser dirigidos para a assistência de outras doenças.
"No Hospital da Somague, no Cazenga, o abastecimento de medicamentos foi reduzido a 50 por cento, isto é um exemplo do que podemos apontar. Os nossos colegas estiveram também no Hospital dos Mulenvos e encontraram uma situação nada abonatória", disse.
Relativamente à situação da mobilidade das populações, Maurílio Luiele explicou que para muitos locais da cidade a única alternativa de transporte são os moto-táxis, já que "os meios convencionais de transporte se limitam ao asfalto".
"Depois para penetrar nos bairros são praticamente os moto-táxis que servem de alternativa e estes são constantemente perturbados nas suas actividades, encontramos queixas recorrentes de acções da polícia, que impede a actividade destes cidadãos, que têm neste meio a forma de sobrevivência", referiu.
Para o deputado da UNITA, as medidas de prevenção da covid-19 "se, por um lado, são absolutamente necessárias, por outro lado, têm efeitos nefastos à vida da população".
"Temos que encontrar posições equilibradas e penso que essas soluções são possíveis, mas têm que resultar de um diálogo permanente com os destinatários destas medidas, com o debate, com a sociedade, porque há outros saberes para além daqueles que ditam as medidas, que devem ser tidos em conta para se tecerem as medidas adequadas para enfrentar a pandemia da covid-19", defendeu.
Angola registou de Março até à presente data 2471 casos, dos quais 106 óbitos devido à covid-19.