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Economia

Recorrer a financiamento do FMI traz “credibilidade internacional” a Angola

O economista Carlos Rosado de Carvalho afirmou à agência Lusa que a adição da componente de financiamento no quadro do programa de apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Angola "traz credibilidade" ao país.

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Segundo o director do semanário económico Expansão, o Governo de Luanda "fez muito bem" em pedir ajuda ao FMI, facto que, no fundo, vai ao encontro das reformas económicas encetadas pelo Presidente João Lourenço.

Esta Segunda-feira, num comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças, relativo à missão de 14 dias que a organização de Bretton Woods efectuou a Angola, foi indicado que o Governo de Luanda "solicitou o ajustamento do programa de apoio do FMI, adicionando-se uma componente de financiamento".

A missão serviu também para discutir com as autoridades angolanas a melhor forma de o FMI prestar apoio às políticas e reformas económicas definidas no Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) e no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) de 2018 a 2022.

Nesse sentido, o FMI disse que, tendo em conta a evolução económica mais recente, e de modo a facilitar a execução do PEM e do PDN, o Governo acabou por solicitar o financiamento, cujas negociações irão decorrer em Outubro próximo, em Luanda, no quadro de um Programa de Financiamento Ampliado (EFF - Extended Fund Facility) de dois anos, que pode ser estendido em mais um ano caso se mostre necessário.

"O Governo fez muito bem. Tinha de se sujeitar às condições do FMI. Duvido que conseguisse melhores juros do que os do FMI. Estivemos a eurobonds a pagar uma taxa de 9 por cento e creio que, recorrendo ao FMI, os juros serão muito mais baixos", afirmou Carlos Rosado de Carvalho, lembrando ainda que o processo é idêntico ao que recentemente foi utilizado em Portugal.

"É uma forma também de dar seguimento ao compromisso das reformas lançadas pelo Presidente de Angola e trará credibilidade internacional ao país. É bom para a credibilidade do país", acrescentou o também professor na Universidade Católica de Luanda.

No comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças angolano, o FMI considerou que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real para 2018 em Angola tem-se revelado "mais moderada do que a esperada", reflectindo uma redução acentuada da produção de petróleo e de gás, pelo que se espera um "impacto negativo" nas contas fiscais e externas e um aumento do défice da conta corrente.

O comunicado é fruto de uma missão que o corpo técnico do FMI efectuou de 1 a 14 deste mês ao nosso país, para analisar a evolução económica recente e avaliar as perspectivas económicas e financeiras.

No entanto, ressalva o FMI, apesar de um ambiente mais adverso, conclui-se que "continuam adequadas" as políticas e as reformas de estabilização macroeconómica que estão a ser aplicadas pelo Executivo com vista à promoção do crescimento económico e da diversificação da actividade económica.

Noutra missão, em fins de Junho, o FMI mostrou-se também preocupado com o crédito malparado no Banco de Poupança e Crédito (BPC), o maior banco angolano, recomendando ao Governo que nova injecção de liquidez fique condicionada à concretização do plano de reestruturação e mantendo-se proibida a concessão de novos empréstimos.

Preocupado também com a situação da banca angolana, e a sua falta de liquidez, o FMI, na avaliação de então, concluiu que os bancos angolanos, e sobretudo os detidos pelo Estado, enfrentam um cenário de crédito malparado muito elevado, apontando o caso do BPC como o mais crítico: "Permanece fracamente capitalizado, dependente do BNA para liquidez, e o ritmo de sua reestruturação operacional tem sido lento".

De acordo com o FMI, desde 2014, com o início da crise do petróleo, que colocou em evidência a gestão dos bancos, que Angola tem investido anualmente mais de 4 por cento do PIB na recapitalização das instituições financeiras. Em 2018, segundo o FMI, Angola ainda vai gastar 1 por cento de toda a riqueza que produzir nesta recapitalização.

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