Faltavam poucos minutos para as 10h00 quando o candidato a Presidente da República da terceira força política mais votada nas últimas eleições (a CASA-CE é uma coligação que reúne seis formações) saiu da sede partidária, no bairro da Maianga, em Luanda.
Vestido integralmente de branco - casaco, calça e camisa - Abel Chivukuvuku dava ares de pastor evangélico, enquanto saudava os membros da equipa que o esperavam, alguns observadores e jornalistas nacionais e internacionais em reportagem.
Acompanhado da mulher, Maria Vitória, percorreu a pé as poucas centenas de metros até a uma escola primária do bairro da Maianga, onde está instalada a sua assembleia de voto.
Ao longo do caminho concedeu pequenas entrevistas, repisando temas de campanha.
"Queremos uma mudança pacífica, ordeira, construtiva e que mude o rumo do país", disse o candidato, acrescentando que confia num bom resultado porque "palmilhou o país, de Cabinda ao Cunene, e sentiu o pulsar das populações".
Já na Assembleia de voto n.º 1039, cheia de cidadãos anónimos que exerciam o seu direito, Abel Chivukuvuku - um antigo dirigente da UNITA que saiu e formou a CASA-CE, em 2012 - cumprimentou os integrantes da mesa e votou.
No final, após a costumeira pausa para a fotografia a depositar o boletim na urna, o candidato benzeu-se, fazendo o sinal da cruz ao tocar com a mão na cabeça, no peito e nos ombros. Enquanto o fazia olhava bem de frente para a presidente da mesa de voto n.º 1.
Ao contrário do candidato do MPLA, João Lourenço, havia pouca presença policial na escola primária do bairro da Maianga, ocupada principalmente por populares e muita comunicação social.
Cá fora, Abel Chivukuvuku disse que "os angolanos querem mudança e vão decidir", uma referência velada à ideia principal da sua plataforma: tirar o MPLA do poder, após 42 anos a governar.
"Felicito todos os angolanos que participaram neste processo" e agora "espero que as instituições encarregues cumpram com o seu papel e que possamos todos festejar um momento que pode ser um novo começo para o nosso país", afirmou.
Também apelou à Comissão Nacional Eleitoral que "corresponda à vontade dos angolanos", para que estas eleições gerais (as segundas gerais e a quarta votação popular desde a independência) sejam "um momento de paz, serenidade, alegria e de festa para todos".
Para Ofélia, de 60 anos, e Xilória, de 37, a votação pode ser resumida numa palavra: serenidade.
A sair juntas de uma das mesas de voto, mãe e filha dizem que se vê uma "evolução [na organização] de eleição para eleição".
"Como viu, entramos e dois minutos depois saímos. Já em 2012 correu bem, mas este ano usaram mais as novas tecnologias, as pessoas receberam mensagens para saber onde íamos votar, a mesa. Foi bastante mais organizado", disse Ofélia.
Xilória concorda, mas acrescenta que "há elementos novos nesta eleição", como o facto de José Eduardo dos Santos não se recandidatar, que "marca uma mudança".
"Esperemos que seja de facto uma mudança. O facto de termos menos partidos tornou a campanha mais interessante, a meu ver", realçou.