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Economia

João Espanha: Acordo monetário com a China torna Angola uma “colónia económica”

O fiscalista João Espanha considerou que o acordo monetário entre Luanda e Pequim torna Angola "uma espécie de colónia económica da China", tornando o país asiático no "parceiro oficial" e principal.

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Em declarações à Lusa a propósito do acordo monetário entre os dois países, anunciado na semana passada pela ministra do Comércio de Angola, João Espanha argumentou que "o acordo torna a China o parceiro comercial número um e oficial de Angola", vertendo para o papel uma situação que já se verificava, na prática.

"A China começa assim a tornar-se um parceiro comercial incontornável", até porque passa a ter uma enorme vantagem para os importadores angolanos, que é o facto de evitarem os custos de terem de converter kwanzas para uma moeda internacional como o dólar ou até o euro, acrescenta o fiscalista e sócio da sociedade de advogados Espanha & Associados.

"É uma medida de cedência aos interesses da China, torna Angola uma espécie de colónia económica da China, e torna evidente a dependência angolana da China, é uma consequência natural, é quase a formalização de uma situação de facto", acrescenta o advogado especialista em Direito Fiscal.

A China é o maior comprador de petróleo angolano, representando mais de metade das vendas ao exterior, sendo Angola responsável por cerca de 15 por cento do petróleo utilizado na China, de acordo com dados oficiais, que reflectem a intensa relação empresarial e política entre os dois países. Angola é o segundo maior parceiro da China na lusofonia, a seguir ao Brasil, e nos primeiros seis meses deste ano o valor das trocas comerciais entre os dois países caíram 45,2 por cento, para 11 mil milhões de dólares.

Pequim vendeu a Luanda produtos no valor de quase 2,2 mil milhões de dólares, o que representa uma subida de 2,7 por cento, mas a grande fatia das trocas comerciais entre os dois países está no petróleo que Angola vende à China, e neste capítulo o valor das trocas comerciais desceu 51,6 por cento, para quase 8,3 mil milhões de dólares, nos primeiros seis meses deste ano.

Questionado sobre se o acordo pode prejudicar as trocas comerciais entre Portugal e Angola, João Espanha considerou que, para já, não deverá haver grandes alterações, mas salienta que "se uma empresa exportadora tiver um grande volume de exportações, talvez seja mais vantajoso triangular a mercadoria pela China para conseguir aumentar as compras em Angola, porque com este acordo comprar à China sai mais barato que comprar a Portugal".

É natural, acrescenta, que os importadores angolanos, em igualdade de circunstâncias, optem por comprar a uma empresa chinesa, porque não terão de suportar os custos cambiais de converter os kwanzas para uma moeda internacional, ainda para mais tendo em conta a escassez de divisas internacionais que se verifica em Angola.

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