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Associações avisam que subida de preço dos combustíveis vai afectar toda a economia

Líderes de associações de transportes afirmaram esta Sexta-feira que o aumento do preço do gasóleo vai impactar todas as áreas da economia, lamentando que a retirada de subvenções não esteja a ser acompanhada de medidas de mitigação.

: Expansão
Expansão  

Segundo o presidente da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (Amotrang) a subida do combustível vai impactar todas as áreas, na medida em que "tudo passa por ele [combustível]".

"Todos os bens são transportados pelos meios de transportes para chegarem aos mercados, para chegarem aos pontos de aquisição dos consumidores", argumentou Bento Rafael, em declarações à Lusa, reagindo à subida do preço do gasóleo às 00h00 desta Sexta-feira.

O Governo anunciou, Quinta-feira à noite, o segundo aumento do preço do gasóleo, este ano, que passou dos actuais 300 kwanzas para 400 kwanzas.

Bento Rafael destacou ainda que até os produtos do campo que são transportados para os mercados mais próximos por veículos movidos a diesel, terão que alterar o preço, acabando por atingir o consumidor final.

"As populações vão assumir tudo isso, não haverá nenhum transportador que não vai acrescer o custo da transportação", disse o líder associativista, frisando que é de esperar que "tudo venha a custar um bocado mais, portanto, vai ter uma influência negativa como se espera".

Apesar de a subida do gasóleo não impactar directamente a actividade de mototaxistas, que usam maioritariamente gasolina, vão também sentir o aumento porque é transversal a toda a actividade de transporte.

"Quem traz a mandioca para o campo é o transportador diesel, ora, se a mandioca tinha um preço de cem agora vai ter um preço superior, e o mototaxista é consumidor deste mercado, logo, vai aumentar o preço da corrida para fazer cobertura da sua alimentação, isto é directo", argumentou.

"O nosso mototaxista não tem muito que fazer se não tocar no passageiro", acrescentou Bento Rafael, lembrando que a actividade de mototáxi tem sido "um refúgio para o indivíduo que não encontra outro emprego", sendo impossível recomendar outra actividade devido ao impacto negativo do aumento do preço do combustível, porque "não existe outra actividade".

O presidente da Amotrang disse que já houve a tentativa de encaminhar associados para a actividade agrícola, mas há dificuldades para encontrar espaços legais para se exercer esse tipo de trabalho.

Também o presidente da Associação dos Transportes Rodoviários de Mercadorias de Angola (Atroma), António Gavião Neto, considerou que a subida dos preços nos próximos dias é expectável, "porque as operadoras têm que cobrar de acordo com as despesas que têm".

"Os fretes são ajustados de acordo com os gastos que têm com os combustíveis, porque também o mercado de venda de peças e acessórios também entende que devem subir o preço em função da subida por litro do gasóleo, tudo funciona em cadeia", frisou.

António Gavião Neto disse que quando a medida foi apresentada pelo Governo como necessidade de equilíbrio da economia nacional, a associação emitiu a sua opinião, mas a necessidade do ajustamento por parte da tesouraria nacional "fala mais alto".

"Era expectável que à medida que fossem retirados os subsídios para os combustíveis tomassem outras medidas adicionais no sentido de atenuar o sofrimento da população, como a alimentação, por exemplo, a cesta básica, devia ser salvaguardada", disse.

Contudo, à medida em que estão a ser retiradas as subvenções, não se observa "medidas acessórias no sentido de atenuar o aumento do preço da cesta básica", acrescentou António Gavião Neto.

O líder da Atroma disse que já se observa uma redução por parte dos solicitadores dos serviços das transportadoras, que se deverá agravar muito mais.

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