O Banco Mundial (BM) foi o maior financiador durante o quinquénio, seguido pelos bancos de desenvolvimento regional, instituições europeias, Nações Unidas e outras multilaterais.
Os dados constam da apresentação feita esta Quarta-feira pelos membros de direcção da PwC em Angola, nomeadamente Pedro Palha (director) e Maurício de Brito (partner), sobre o posicionamento de Angola no contexto do aproveitamento do financiamento de entidades multilaterais.
Segundo o estudo, só o BM representou 83 por cento do total, em 2023, com um total de 863,9 milhões de dólares, seguido pelos bancos de desenvolvimento regional (54,1 milhões de dólares) e instituições europeias (31,5 milhões de dólares).
A análise, partilhada esta Quarta-feira durante uma conferência, promovida em Luanda pela Revista Economia & Mercado e a PwC, aponta igualmente o elevado endividamento externo, taxas de juros globais elevadas e fragilidade institucional em Angola como algumas razões para obtenção de menor financiamento.
"Apesar de estável, a dívida externa [de Angola] ronda os 43,3 mil milhões de dólares (em 2024), grande parte junto de credores chineses. O aumento das taxas de juro internacionais tornou os empréstimos mais onerosos e menos sustentáveis", referiu Pedro Palha.
Em relação à fragilidade institucional, o director da PwC referiu que a capacidade de execução de projectos, burocracia e posição em alguns 'rankings' mundiais/regionais "reduzem a confiança dos doadores".
Por outro lado, apontou também o histórico político e geopolítico de Angola, "cuja guerra civil prolongada causou atraso na reintegração plena das redes multilaterais de cooperação", e a instabilidade cambial, onde a desvalorização do kwanza "encarece importações e afecta a estabilidade macroeconómica" como outras razões que travam a obtenção de mais financiamentos em Angola.
Para o responsável da PwC, as agências multilaterais têm um papel fundamental "porque são catalisadores para acelerar a diversificação da economia em Angola, também da promoção da resiliência social e para assegurar uma transição energética sustentável".
"De facto, há muitos projectos em curso [em Angola] e as agências multilaterais têm desempenhado um papel fundamental para estes projectos", respondeu aos jornalistas, tendo ainda apontado as unidades de acompanhamentos de projectos como um instrumento que criam entraves ao financiamento no país.
"Em Angola, sempre que há um projecto é constituído uma unidade de acompanhamento deste projecto, o que leva tempo a recrutar as pessoas certas, a formar, que no meu entendimento quanto menos entidades gestoras tivermos melhor, bastava apenas uma ou duas entidades a gerir e acompanhar", defendeu ainda Pedro Palha.
Os gestores da PwC recomendaram ainda às autoridades angolanas criar unidades especializadas para formular, negociar e gerir projectos multilaterais, formação técnica de quadros, melhorar o sistema de monitorização e avaliação, prosseguir a luta contra a corrupção, transparência na gestão das finanças públicas e a melhorar o ambiente de negócios.