A obra, actualmente em construção na província do Huambo, conta com um investimento de 125 milhões de euros e está a cargo do consórcio luso-angolano e alemão Noráfrica-Gauff, devendo começar a operar no primeiro semestre de 2026, adiantou Miguel Costa, engenheiro responsável do projecto.
O centro, que se encontra com 71 por cento de execução física, foi apresentado esta Quinta-feira a uma comitiva de embaixadores da União Europeia e dos Estados-membros acreditados em Angola, no final de uma visita de três dias às províncias do Huambo e Bié, duas das cinco atravessadas pelo Corredor do Lobito.
A missão europeia teve como objectivo observar o impacto de projetos apoiados pela UE no terreno.
A futura fábrica terá capacidade para produzir mais de 30 milhões de vacinas para mamíferos por ano, mais de 150 milhões de vacinas para aves e mais de 9 milhões de reagentes de antígenos para diagnóstico laboratorial.
“Estamos em fase de conclusão da construção e instalação de equipamentos. Até ao final do ano e início do próximo estará concluída esta parte. Depois iniciaremos a fase de validação dos equipamentos. Vai ter a certificação GMP e pode ser exportado para qualquer ponto do mundo”, explicou Miguel Costa.
Segundo o responsável, o projecto vai servir não apenas o mercado angolano, mas também os países vizinhos.
“Será importante para a saúde animal e da região e também para dar suporte aos países em redor. Os animais têm os mesmos tipos de patologias e esta fábrica de vacinas irá atender a essa necessidade”, destacou.
A embaixadora da União Europeia em Angola, Rosário Bento Pais, sublinhou a importância estratégica do projecto.
“Esta é a primeira fábrica de vacinas em Angola e a segunda em África a produzir vacinas para animais”, referiu, apontando o potencial em termos de exportação e empregabilidade.
A diplomata destacou ainda o apoio europeu à formação especializada na área da saúde animal.
“Estamos a apoiar a formação em veterinária e em biotecnologia na Universidade José Eduardo dos Santos com o nosso projeto Uni.Ao. É também um tipo de investimento e de infraestrutura que faz parte do nosso projecto Global Gateway, em termos de infraestrutura de saúde”, disse.
Rosário Bento Pais admitiu ainda que, no futuro, a União Europeia poderá apoiar a produção nacional de vacinas humanas, se esse for o interesse do Governo.
“O Global Gateway já está em cinco países em África com laboratórios e produção de medicamentos. Já estamos em contactos preliminares para ver se Angola se poderá juntar. Aqui já temos um bom exemplo no que diz respeito à saúde animal, mas também estamos em contactos para analisar a produção de vacinas humanas”, indicou.
“Há potencial, sem dúvida”, salientou.
Num balanço sobre os três dias de visita dos embaixadores europeus a projectos financiados pela UE e enquadrados no Corredor do Lobito, Rosário Bento Pais mostrou-se satisfeita com a dinâmica dos investimentos, sublinhando que “não se trata apenas do desenvolvimento económico, mas também social e ambiental”.
O centro de produção conta com cinco edifícios, incluindo zonas de produção com 5000 metros quadrados, laboratórios, áreas de armazenamento, controlo de qualidade, investigação e desenvolvimento, bem como residências para trabalhadores e investigadores.