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Lucros da banca caem 13,6 por cento em 2022, arrastados por imparidades e prejuízos do BPC

Os resultados líquidos da banca angolana caíram 13,6 por cento em 2022, em termos homólogos, para 367 mil milhões de kwanzas, devido essencialmente ao agravamento dos prejuízos do Banco de Poupança e Crédito e aumento de imparidades.

: Facebook do BPC - Banco de Poupança e Crédito
Facebook do BPC - Banco de Poupança e Crédito  

Os dados constam do estudo Banca em Análise 2022, da consultora Deloitte, esta Quarta-feira apresentado em Luanda, e que contém informação exaustiva sobre os 23 bancos que se encontravam em actividade em Angola no ano passado, com excepção do Banco Económico (ex-BESA), por indisponibilidade das demonstrações financeiras.

A descida do resultado líquido do sector foi atenuada pelo aumento significativo dos resultados cambiais que cresceram cerca de 421 por cento, bem como pela melhoria na margem financeira que aumentou 6,3 por cento, refere a Deloitte num comunicado.

O valor total dos activos ascendia, em 2022, a 17.037 mil milhões de kwanzas, mais 4,3 por cento do que em 2021 e o total de crédito líquido totalizou 3.480 mil milhões de kwanzas, o que corresponde a um aumento homólogo de 13 por cento.

O peso do crédito a clientes na estrutura global de activos, registou no ano passado um aumento de 2 pontos percentuais face a 2021, passando de 18 por cento para 20 por cento, reflectindo as políticas de estímulo à concessão de crédito. Em contrapartida, o peso dos títulos e valores mobiliários manteve-se praticamente inalterado face a 2021, representando cerca de 34 por cento do total da estrutura de activos, fruto da exposição significativa dos bancos nacionais à dívida pública angolana.

O BAI (Banco Angolano de Investimentos) voltou a ser o principal banco no ranking de activos, liderança que assume desde 2018, seguindo-se o BFA (Banco de Fomento Angola), BIC (Banco BIC), BPC (Banco de Poupança e Crédito) e banco Millenium Atlântico.

De acordo com o mesmo comunicado, verificou-se um aumento de 4,2 pontos percentuais no rácio de solvabilidade face a 2022, equivalendo a 28,4 por cento, "mantendo-se deste modo acima do valor mínimo regulamentar com uma margem de segurança, o que demonstra a resiliência do sector".

O estudo revela ainda um "crescimento muito sólido" de outros indicadores, nomeadamente a utilização de terminais de pagamentos automáticos (TPA), com uma variação positiva próxima de 21 por cento em 2022, e do número de cartões Multicaixa emitidos (13 por cento) No que se refere à utilização das Caixas Automáticas, a variação foi igualmente positiva em cerca de 11 por cento, acima da variação registada em 2021 (6 por cento), "que demonstra uma recuperação face à redução verificada no período pandémico".

A aplicação Multicaixa Express registou um aumento de transacções na ordem dos 14 por cento e movimentou montantes num valor superior ao transaccionado em TPA, com um crescimento de quase 17 por cento face a 2021.

O número de trabalhadores da banca angolana diminuiu 6 por cento, reflectindo o encerramento das operações do Banco Prestígio, a dissolução voluntária do Banco BAI Micro Finanças, e os processos de reestruturação em curso de alguns bancos, como o BPC, BCI (Banco de Comércio e Indústria) e KEVE.

O número de balcões diminuiu cerca de 17 por cento, registando-se um decréscimo de 35 por cento no total de balcões no território nacional desde 2017, traduzindo a crescente digitalização dos serviços financeiros e reorganização da rede comercial levada a cabo por vários bancos.

Em declarações à imprensa, o presidente da Deloitte Angola, José Barata, disse que o sector da banca continua resiliente, concluindo que de uma forma geral registou-se um crescimento do total dos activos dos bancos, dos créditos e depósitos.

"Assistimos a uma redução do resultado em 2022 face a 2021, na medida em que 2021 tinha acontecido também um evento extraordinário, que foi a melhoria do 'rating' da República de Angola. Fez com que os bancos tenham revertido um conjunto de imparidades que tiveram um impacto directo no seu resultado", referiu José Barata.

O presidente da Deloitte Angola chamou a atenção para o facto de apesar do crédito ter aumentado, fruto das políticas levadas a cabo pelo Executivo, assistiu-se a um rácio de crédito vencido sobre a totalidade do crédito de cerca de 20 por cento, "que é elevado".

Relativamente ao BPC, José Barata frisou que o banco público tem levado a cabo um processo de reestruturação, que terá ficado concluído no final de 2022 e que levou também ao encerramento de agências e despedimento de trabalhadores.

"Diria que é expectável que, em 2023, esse quadro (de prejuízos) venha a ser invertido", frisou José Barata.

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