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UNITA apresenta manifesto eleitoral ao sufrágio a 23 de Julho

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição, vai apresentar o manifesto eleitoral com que concorre às eleições a 23 de Julho, véspera do início da campanha.

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O anúncio foi feito esta Sexta-feira pelo presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que encabeça uma lista onde constam também membros de outras forças políticas, como Abel Chivukuvuku, do projecto político PRA-JA Servir Angola (em número dois, lugar em que concorre para vice-presidente) ou Justino Pinto de Andrade, do Bloco Democrático, que se apresentam unidos numa plataforma designada Frente Patriótica Unida.

Num encontro com jornalistas em Luanda, Adalberto da Costa Júnior indicou que o manifesto eleitoral ao sufrágio de 24 de Agosto vai ser lançado no próximo dia 23 e pretende responder a aspectos estruturais da governação.

Entre os compromissos que assume caso seja eleito chefe de Estado nas próximas eleições estão a revisão constitucional, com possibilidade de eleição directa do Presidente da República, a promessa de realizar eleições autárquicas um ano depois e autonomia para a província de Cabinda.

O manifesto, avançou, terá cerca de 70 páginas, e sintetiza de forma bastante completa o programa de governo que a UNITA não pretende desvendar na íntegra para não ser copiado pelos adversários do partido no poder, MPLA.

No encontro desta Sexta-feira, onde esteve também o presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, os líderes partidários passaram em revista uma série de ilegalidades e atropelos ao processo eleitoral a que dizem estar a assistir, focando-se na desigualdade de tratamento dos meios de comunicação social angolanos públicos e nas críticas ao poder judicial e à Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Sobre o formato das listas da UNITA, Adalberto da Costa Júnior sublinhou que corresponde à expressão política da FPU, juntando membros de outros partidos e da sociedade civil, uma iniciativa que "não foi simples", mas "foi permanentemente sufragada junto da direcção" do partido fundado por Jonas Savimbi.

Voltou a criticar os órgãos do poder judicial, nomeadamente o Tribunal Constitucional (TC), e ironizou com a validação de partidos como o P-Njango e o Partido Humanista de Angola, nas vésperas das eleições, acusando o TC de se "adaptar às conveniências do partido do regime", tal como a CNE, cujo presidente tem estado a tomar decisões sem convocar a plenário.

Por outro lado, responsabilizou o Presidente da República pelo "radicalismo" na cobertura da imprensa pública e assinalou que as propostas da UNITA passam pela diminuição dos seus poderes, deixando o governo de Angola de ser "unipessoal".

"Por essas e por outras, é que Angola carece cada vez mais de uma nova liderança", salientou, mostrando confiança na vitória eleitoral, apesar da desigualdade no acesso a financiamento para a campanha já que o dinheiro para a campanha do MPLA "vem do erário publico", denunciou.

Abel Chivukuvuku, ex-dirigente da UNITA, ex-presidente da coligação CASA-CE (que agora se candidata às eleições sob nova liderança) e fundador do projecto político PRA-JA Servir Angola, que foi sucessivamente inviabilizado pelo TC, garante estar preparado para ser o número dois.

"Havia a percepção de que o Abel não aceitava ser número dois ou número três, mas se a proposta é servir o país, tinha até capacidade para ser o sete ou oito", destacou, frisando que o mais importante é a vontade comum da equipa servir o país e que se complementam.

O político considerou ainda que há condições para a alternância num contexto "amadurecido" face a anteriores actos eleitorais e elogiou Adalberto da Costa Júnior por ter rompido "com o paradigma das lideranças tradicionais da UNITA" e ter promovido a união do partido, ao contrário do seu opositor João Lourenço, presidente do MPLA e Presidente da República, que dividiu o partido que governa Angola desde a independência.

"A nossa aposta é transmitir serenidade ao país e transmitir a confiança aos cidadãos de que a alternância é algo de positivo" disse, acrescentando que "a vida não acaba porque se saiu do governo".

Para Filomeno Vieira Lopes, a FPU representa "uma solução" à altura da crise que vive Angola, sendo o objectivo principal dos partidos da oposição "preservar a paz e transformá-la em paz social", apelando à transparência no processo eleitoral.

"Nota-se a predisposição do regime em não aceitar os resultados eleitorais, contamos com os angolanos, todos nós em conjunto para pôr as coisas na ordem", referiu ainda.

Às eleições, em que a UNITA pretende destronar do poder o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa Angola desde 1975, concorrem sete partidos políticos e uma coligação.

Desde que entrou em vigor a Constituição de 2010 que não se realizam eleições presidenciais, sendo o Presidente e o vice-presidente de Angola os cabeças-de-lista do partido mais votado nas eleições legislativas.

No último acto eleitoral, em 2017, o MPLA obteve a maioria com 61,07 por cento dos votos e 150 deputados, e a UNITA conquistou 26,67 por cento dos votos e 51 deputados.

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