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Política Morte de José Eduardo dos Santos

Paz para Angola, o principal legado deixado para os angolanos

Angolanos ouvidos esta Sexta-feira pela Lusa nas ruas de Luanda, no dia da morte do ex-presidente José Eduardo dos Santos, destacam o seu papel na pacificação do país, um processo que não esquece a corrupção e assimetrias sociais.

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"Todos nós, angolanos perdemos o nosso pai, não estamos aqui nesse momento para julgar os erros, porque ninguém é perfeito. Penso que Angola perdeu alguém que realmente nos queria ver bem e queria o melhor para todos angolanos", resume Mateus Escuta, técnico médio educativo em história e geografia, 20 anos.

Narciso Miranda, funcionário do Ministério do Interior, diz que é "dolorosa" a partida de um Presidente que "fez muito bem à nação" ajudando "muito a juventude e não só".

"É de lamentar imenso e reconhecer o esforço que ele fez pelo nosso país. Vamos todos chorar, todos juntos, uma só nação", sublinha.

O Presidente que governou Angola por 38 anos morreu em Barcelona, Espanha, depois de um longo período de doença.

Segundo Narciso Miranda, José Eduardo dos Santos "mudou muito o país, trouxe a paz em 2002", mas também "já estava na hora dele partir, fez o que deveria fazer, se bem que ainda tinha muito para fazer, mas chegou a vez dele e temos que aceitar, porque este é o caminho para todos nós".

Para o professor de história Mateus Sancofa, 20 anos, a liderança de José Eduardo dos Santos tem mais factos negativos do que positivos.

"O estado em que o país se encontra hoje é consequência daquilo que antecedeu, no passado", realça.

Segundo Mateus Sancofa, José Eduardo dos Santos era querido entre a população porque assegurava aos angolanos as suas necessidades básicas, nomeadamente a saúde, alimentação e educação.

"E consequentemente a população, recebendo esses bens, perdia o foco naquilo que são as riquezas do nosso país", observou o jovem, acrescentando que os desvios beneficiaram "os chamados de 'marimbondos'", trazendo consequências negativas para o país".

João Lourenço, actual chefe de Estado, "está a lutar para tirar o país de um poço em que o Presidente que hoje, infelizmente, acabou por falecer, colocou o país", disse.

Apesar de jovem, Mateus Sancofa disse ter começado a acompanhar a dinâmica económica e sócio-política do país, entre 2014 e 2015, considerando ainda prematuro afirmar que a governação actual é melhor que a anterior.

"A corrupção é algo que veio do tempo de José Eduardo dos Santos e o [actual] executivo veio apenas lutar para acabar com algo que já vem de há vários anos", vincou, lamentando que o antigo Presidente da República não tenha chegado a presenciar as próximas eleições gerais no dia 24 de Agosto deste ano.

Por seu turno, Mateus Escuta enumera, entre os benefícios proporcionados aos angolanos por José Eduardo dos Santos, o baixo preço da cesta básica e o esforço empreendido para organizar o país depois de décadas de guerra.

Numa análise comparativa entre a actual governação e a de José Eduardo dos Santos, Mateus Escuta considera que o actual chefe de Estado "está a lutar muito contra a corrupção", o que não se verificou no tempo do ex-Presidente da República.

"Essas reformas que o Presidente actual tem feito demonstram que ele está a corrigir alguns erros da governação passada. José Eduardo dos Santos tinha erros na questão da corrupção, nepotismo e da educação também, são coisas que estão a tentar se resolver agora", sublinhou.

Para o jovem, cinco dias de luto decretado pelo Governo são suficientes porque o país tem que avançar.

"Não podemos estar estagnados. Faleceu, tudo bem, foi um herói para o nosso país, vamos honrar a memória dele sim, não só nos cinco dias que eu sugiro, mas para a toda eternidade e para a geração que vai vir", disse.

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