Eduardo Ferro Rodrigues falava aos jornalistas momentos depois de chegar ao princípio da noite a Luanda para uma visita oficial, a convite do homólogo, Fernando da Piedade Dias dos Santos, bem como participar, Terça-feira, na abertura da IX Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O "número dois" da hierarquia do Estado português, questionado pela agência Lusa sobre como vê a actual governação do país desde que João Lourenço assumiu a presidência, considerou que Portugal a acompanha "com uma expectativa muito positiva".
"Realmente, toda a abertura que se tem dado no terreno político e cultural é bastante perceptível para quem está fora, mas agora, estando cá, vou poder conhecer melhor esta situação. Angola é um grande país, sempre foi um grande país, nosso amigo, amigo de Portugal, desde a altura de independência. Mas neste momento estamos uma fase nova e é preciso que todos os democratas apoiem Angola e o seu presidente", afirmou Ferro Rodrigues.
O presidente do Parlamento português lembrou que, no passado, teve "variadíssimas funções políticas", no Governo, na Assembleia da República, como secretário-geral do Partido Socialista (PS) "e até fora do país", razão pela qual considerou estarem agora reunidas as condições "de gosto e de apoio" para visitar a Angola de João Lourenço.
"Achei que havia todas as condições de gosto e de apoio a esta nova situação que existe com João Lourenço em Angola. Tive a felicidade de ter aceitado o convite que lhe fiz para falar no Parlamento", sublinhou.
Ferro Rodrigues salientou que João Lourenço foi o único chefe de Estado, além do rei de Espanha, Felipe VI, que, na actual legislatura, intervieram no Parlamento português.
"Aliás, foi uma intervenção histórica. Para mim, é uma grande satisfação por, na medida do possível, contribuir para o desenvolvimento democrático em Angola", sublinhou.
Por outro lado, ainda nas declarações aos jornalistas, Ferro Rodrigues fez questão de contar que os seus avós paternos trabalharam em Angola a partir de 1924, ano em que, precisamente, nasceu o seu pai, em Luanda.
"Esta visita é também, para mim, muito emocionante por um motivo que é bastante desconhecido em Portugal. Em 1924, os meus avós paternos vieram trabalhar para Angola, o meu avô para o Banco de Portugal e a minha avó como professora primária, e foi aqui que nasceu o meu pai, que infelizmente morreu já há alguns anos, mas que nasceu aqui em Luanda em 1924. É para mim uma emoção muito grande poder estar aqui", contou.