Ver Angola

Defesa

Angola já julgou 10 casos de tráfico humano. Autoridades estão preocupadas

As autoridades assumiram a existência de tráfico de pessoas em Angola, com 10 casos já transitados em julgado, admitindo que o país "recebe pessoas traficadas" e que, no exterior, há angolanos que são usados com esse fim.

:

A situação foi relatada pela secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário, à margem da cerimónia de lançamento da Campanha Internacional "Coração Azul" de Combate ao Tráfico de Seres Humanos.

"Em Angola, a comissão interministerial tem verificado que há angolanos que são transportados para o exterior, ou seja, é um país que tem fora das suas fronteiras pessoas que foram traficadas", explicou.

"Temos estado a receber estrangeiros que vêm para Angola e que são usados para esquemas de tráfico, situação preocupante. Também temos angolanos que saem do país com várias promessas e que acabam por ser usados no exterior do país", assumiu, referindo que já foram julgados 10 casos e que, nesta altura, estão também "muitas investigações estão em curso".

Para Ana Celeste Januário, o lançamento da campanha é essencial, uma vez que o mais importante é o apelo para que a população denuncie este tipo de casos, nomeadamente os relacionados com o desaparecimento de pessoas.

Segundo a governante, as províncias de Luanda, Cabinda, Zaire, Cunene e Lunda Norte são as que registam maiores incidências de tráfico de pessoas, com a exploração sexual e ainda o trabalho e o trabalho forçado de crianças como os casos mais notáveis.

"Dentro dos julgados, já tivemos casos em que cidadãs estrangeiras foram trazidas em Angola para exploração sexual, também de crianças usadas para trabalho forçado e também temos angolanos que foram levados para fora para trabalho forçado", apontou.

"A campanha é para chamarmos à atenção de que o fenómeno existe e que precisamos todos de prestar atenção, conhecer e denunciar, para que os autores possam ser responsabilizados", fundamentou.

Questionada sobre as ocorrências do primeiro semestre de 2018, Ana Celeste Januário fez saber que Angola "não registou muitos casos internos" de tráficos seres humanos.

"Temos estado a trabalhar, sobretudo com colegas de outros países relativamente à exploração no estrangeiro. Sobretudo a nível da Europa e Portugal, temos indicações de que há lá pessoas que chegaram em condições estranhas e temos estado a investigar", concluiu.

A Campanha "Coração Azul" de Combate ao Tráfico de Seres Humanos foi lançada hoje em Luanda pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito das celebrações do Dia Internacional de Combate ao Tráfico de Pessoas, assinalado na segunda-feira.

A cerimónia, que decorreu no Instituto Médio Industrial de Luanda (IMIL), juntou dezenas de alunos, efectivos da polícia angolana e demais entidades.

Na ocasião, a directora nacional dos Direitos Humanos, Luísa Buta António, assinalou a relevância do lançamento da campanha, considerando que o acto representa o "comprometimento" de Angola na luta contra o tráfico de seres humanos.

"Como Estado parte e como é já um mal com indícios, Angola adere a esta campanha que encoraja a participação em massa e servirá como fonte de inspiração para tomar certas medidas com vista a acabar com o fenómeno", disse.

Por sua vez, a directora-geral do IMIL, Philomene Marie de Azevedo, lamentou a inexistência no país de informações sobre o tráfico de pessoas e exortou os estudantes a colocarem em prática as orientações das autoridades.

"Temos pouca informação, é realmente um problema que nós já vivemos aqui em Angola. Daí exortar os estudantes a prestarem atenção a toda a informação desta palestra para as cautelas necessárias ao longo dessa caminhada", realçou.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.