O protesto visa "exigir o pagamento" dos ordenados em atraso, anunciou o primeiro secretário da comissão sindical da empresa, Mateus Alberto Muanza, falando em "má fé das autoridades".
"Cinquenta e seis meses sem salários é muito tempo, são quase cinco anos e isso até é desumano. Daí que vamos realizar no Sábado, 28 de Julho, uma marcha pacífica para manifestar o nosso desagrado e pedir às autoridades que olhem para a nossa situação", disse Mateus Alberto Muanza.
Segundo o sindicalista, a marcha tem um caráter "pacífico" e é organizada pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), que se manifesta solidária com os cerca de 400 trabalhadores nesta condição.
A marcha, acrescentou, destina-se a protestar junto do Governo e mostrar a sociedade a "grave situação" em que se encontram os trabalhadores, situação que afecta também as famílias e, sobretudo, os filhos.
"Os nossos filhos já não estudam e correm sérios riscos de se tornarem bandidos, porque há cinco anos que o pai não tem salário", lamentou.
"A preparação da marcha está já bem encaminhada e a segurança está garantida, porque o documento que remetemos à polícia está bem oficializado. Por isso, os trabalhadores podem aparecer com as respectivas famílias e sugerimos que todos apareçam trajados de preto", adiantou.
"[O preto] é para simbolizar o nosso luto, a nossa tristeza, o nosso clamor, porque neste momento estamos de luto mesmo. Cinco anos sem salários numa empresa do Estado não é normal, é grave e sentimo-nos completamente abandonados pelas autoridades", acrescentou.
A Lusa noticiou a 16 de Maio que a direcção da empresa estatal suspendeu 82 trabalhadores, mais de 70 em idade de reforma, e toda a comissão sindical, conforme denunciou o sindicato.
Mateus Alberto Muanza considerou na altura "inaceitável, desumana e ilegal" a medida tomada pela direcção da empresa e defendeu o pagamento dos salários em atraso.
Agora, para o sindicalista, a nova medida da direcção em proibir a presença dos trabalhadores suspensos nas instalações da empresa de pontes, no município do Cazenga, arredores de Luanda, é igualmente "ilegal e antidemocrática".
Segundo Mateus Alberto Muanza, essa proibição ainda prossegue, salientando que essa é outra das razões que levaram à realização da marcha de protesto.
Por seu lado, em declarações recentes à imprensa, o director-geral da Empresa Nacional de Pontes, José Henriques, confirmou a suspensão dos 82 trabalhadores, justificando a necessidade de rentabilizar a empresa, fruto de uma parceria com o consórcio formado por três empresas de Angola e da China. "É um processo que tem o aval do Ministério da Construção e Obras Públicas e corre o seu curso normal", explicou.