De acordo com informação disponibilizada à Lusa pelo Ministério da Cultura de Angola e pela administração daquele banco comercial, a iniciativa envolve os novos cartões de crédito a emitir pelo BNI, precisamente quando passa um ano sobre a atribuição daquela classificação da UNESCO as ruínas de Mbanza Congo, antiga capital do Reino Congo, a primeira do género no país.
A administração do BNI, que tem ainda a sucursal BNI Europa, em Portugal, é liderada por Mário Palhares, principal accionista (33,28 por cento), que justificou a escolha das imagens do secular Kulumbimbi e da classificação da UNESCO como forma de "promoção e valorização" da cultura nacional angolana, face aos esforços de internacionalização desta classificação.
Constituído em 2006, o BNI conta actualmente com 700 trabalhadores e uma carteira de crédito a clientes no valor de 89.940 milhões de kwanzas, sendo um dos bancos de referência em Angola para o sector empresarial.
O projecto "Mbanza Congo, cidade a desenterrar para preservar", que tinha como principal propósito a inscrição desta capital do antigo Reino do Congo, fundado no século XIII, na lista do património da UNESCO, foi oficialmente lançado em 2007, mas a sua classificação, a 8 de Julho de 2017, é culminar de um processo com cerca de 30 anos.
O Kulumbimbi, as ruínas da sé catedral de Mbanza Congo (província do Zaire), do século XVI, o primeiro templo católico construído a sul do equador, é o cartão-de-visita desta classificação, assim como o cemitério dos antigos Reis do Congo ou o museu, adaptado do antigo palácio daquela monarquia e que hoje guarda algumas relíquias seculares daquele povo.
É o caso de uma túnica oferecida directamente pela coroa portuguesa aos reis do Congo, entre outros artefactos de uso diário, à época, ainda conservados e em exposição.
Dividido em seis províncias, que ocupavam parte das actuais República Democrática do Congo, República do Congo, Angola e Gabão, o Reino do Congo chegou a ter 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências.
Mbanza Congo ficou mesmo conhecida à época pela difusão da escrita e por ser a "cidade dos sinos", face à conversão dos reis do Congo ao cristianismo introduzido pelos contactos com os portugueses, como recordou anteriormente a historiadora e antiga ministra da Cultura Rosa Cruz e Silva.