A informação foi transmitida esta quarta-feira, no parlamento, pelo vice-governador do BNA, Gualberto Lima Campos, explicando as dificuldades no acesso a dólares nas instituições financeiras devido à crise da cotação internacional do barril de crude, que fez diminuir as receitas fiscais angolanas e a entrada de divisas no país.
De acordo com o responsável do BNA, essas vendas directas estão a ser feitas em montantes de 10 milhões de dólares, à terça e quinta-feira, permitindo constituir uma nova oferta no mercado oficial, além dos bancos.
Reunidas em Luanda, as casas de câmbio angolanas tinham reclamado em Abril a possibilidade de comprarem divisas directamente ao BNA, alegando que a actividade estava parada há seis meses face à impossibilidade de compra de divisas, sobretudo dólares norte-americanos, aos bancos comerciais, que por sua vez alegavam não ter acesso a moeda estrangeira. "Estamos parados há mais de seis meses. Não há compra de divisas nos bancos comerciais e chegamos ao ponto limite de não conseguirmos pagar as nossas contas, como salários, rendas, os custos fixos", disse na altura Andrade Oliveira, representante destas casas de câmbio. Admitiu mesmo que havia casas de câmbio a fechar, face à degradação do negócio: "É complicado não termos sequer 500 dólares para vender a um cliente".
Já a venda de divisas do BNA à banca comercial praticamente duplicou na última semana, subindo para 756,7 milhões de dólares. Segundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, as vendas de divisas aos bancos entre 6 e 10 de Julho foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 125,149 kwanzas por cada dólar. Trata-se de um novo máximo de vários meses e uma desvalorização da moeda nacional angolana face ao dólar norte-americano de 1,2 por cento no espaço de uma semana.
Desde o final de Maio que está em curso um programa para enfrentar a actual crise cambial no país por parte do BNA. Contudo, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, apesar de no mercado paralelo, de rua, a taxa de câmbio estar aparentemente em queda, rondando os 160 kwanzas por cada dólar, para comprar a moeda estrangeira.
O kwanza angolano já desvalorizou mais de 26 por cento face ao dólar nos últimos nove meses, devido à crise da quebra da cotação internacional do petróleo, que fez diminuir as receitas fiscais e a entrada de divisas no país.
