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Angola aposta na educação para combater o casamento infantil

A directora do Instituto Nacional da Criança (INAC) de Angola considerou hoje o casamento infantil como uma situação preocupante no país, embora faltem dados para ilustrar a dimensão real do problema.

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Ruth Mixinge falava em Luanda à margem de um encontro sobre o casamento infantil, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tendo admitido que a realidade social e cultural do país aponta para uma situação preocupante, envolvendo crianças entre os 11 e 15 anos com gravidezes precoces que por vezes terminam em mortes maternas.

Para a responsável, na base do problema está igualmente o alto índice de negligência por parte das famílias, que vem facilitar também que a criança esteja exposta a situações dessa natureza.

"Por outro lado, ainda temos que admitir que há práticas culturais negativas que ferem o direito da criança", disse Ruth Mixinge, em declarações aos jornalistas, não descurando os aspectos ligados à carência económica e financeira em certas comunidades.

"Mas, de facto, a exposição e adopção da sexualidade precoce é uma situação genérica, sobretudo nas grandes cidades, onde é mais fácil o acesso aos meios de comunicação, à Internet e outros mecanismos que propiciam que a criança pratique sexo muito cedo", considerou ainda.

Admitiu que a instituição não possui números sobre o número de casos registados no país, mas baseando-se nos dados fornecidos pelas maternidades pode concluir-se que "é bastante elevado" o total de casamentos infantis.

"Há também o perigo que meninas adolescentes pratiquem o aborto em detrimento da sua própria condição física e social e da impossibilidade de no futuro poderem ser mães. Portanto, é uma situação preocupante", frisou.

No discurso de abertura, o representante da UNICEF em Angola, Francisco Songane, defendeu a necessidade de uma maior aposta na educação das raparigas para o desenvolvimento da sociedade, sublinhando que o casamento infantil pode perigar as gerações futuras.

"Apraz-nos notar o esforço que Angola tem feito para aumentar o acesso ao ensino e a atenção especial dedicada às crianças do sexo feminino", disse Francisco Songane.

Apelou igualmente à necessidade de uma maior informação adequada a todas as comunidades, mostrando os efeitos negativos do casamento de crianças. "Em muitas a falta de informação remete os familiares a resignação e limitam-se a uma explicação simplista do 'cumprimento da tradição'", expressou aquele responsável.

Francisco Songane referiu que dados recentes apontam para a existência no mundo de mais de 700 milhões de mulheres casadas antes dos 18 anos, sendo que cerca de 250 milhões começaram uma relação antes dos 15 anos.

O sul da Ásia e a África subsaariana são as regiões onde o problema é mais visível, situando-se nessas zonas os 10 países com as taxas mais altas de casos.

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