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Especialista defende marca forte para diamantes angolanos e aposta em mercados exigentes

O especialista internacional em diamantes Martin Rapaport defendeu esta Quinta-feira, em Luanda, a necessidade de Angola criar uma marca forte para os seus diamantes e de negociar tarifas com os Estados Unidos da América (EUA).

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Respondendo à Lusa sobre a possibilidade de venda de diamantes angolanos aos EUA, após a substituição da russa Alrosa, ex-parceira da Endiama, pela Taaden (pertencente ao Fundo Soberano do Sultanato de Omã), Rapaport afirmou que "a questão das sanções foi resolvida", mas advertiu que há que negociar as tarifas.

“Neste momento, a tarifa é de 10 por cento, mas, em Setembro, pode subir para 32 por cento, a menos que haja negociações”, referiu o empresário, defensor das políticas de Donald Trump para contrariar o défice comercial norte-americano e que apresentou em Luanda a sua visão sobre a indústria de diamantes internacional.

O especialista acrescentou que, “com paciência e negociações”, Angola pode posicionar-se como um fornecedor de minerais críticos para os EUA, o que poderá dar margem para melhorar as condições comerciais.

Martin Rapaport, uma das figuras mais influentes da indústria global de diamantes, é fundador e presidente do Rapaport Group e criou em 1978 o Rapaport Diamond Report, a principal referência para a fixação de preços no comércio de diamantes em bruto e lapidados. É também o criador da RapNet, a maior plataforma electrónica de negociação de diamantes do mundo.

Apesar de elogiar a evolução do sector diamantífero em Angola, Martin Rapaport sublinhou que “o negócio não é apenas extrair, é vender”, defendendo que o investimento na produção seja acompanhado de investimento no marketing.

“Se desenvolver esforços no marketing como na produção, Angola será vencedora”, frisou.

Sobre os projectos diamantíferos angolanos, o especialista norte-americano mostrou-se mais impressionado com Luele do que com Catoca, apontando preocupações ambientais na maior mina de diamantes nacional.

“Quando olho para Catoca, vejo um buraco enorme. Precisamos de falar sobre recuperação de terras, sobre o que acontece depois. Já Luele é nova, gosto da energia solar, hidroeléctrica, é uma boa história”, afirmou.

A mina de Luele é o projecto diamantífero mais recente do país, tendo iniciado operações em 2023, emergindo como o maior depósito de kimberlito de Angola.

As sociedades mineiras de Catoca e Luele representam mais de 80 por cento da produção nacional de diamantes.

Rapaport defendeu ainda uma estratégia de marca faseada, centrada no projecto mineiro de Luele como primeiro passo, com um posicionamento orientado para mercados exigentes como os EUA e o Golfo Pérsico.

“A relação com os EUA é essencial, mas também devem olhar para o Golfo, onde não há sanções nem tarifas”, assinalou, defendendo igualmente uma abordagem multifacetada ao marketing, recorrendo a canais como redes sociais, vídeos e influenciadores digitais.

Rapaport elogiou também a estratégia do Governo de aproximação aos mercados consumidores e à indústria internacional de joalharia, incluindo uma visita recente aos Estados Unidos que o ministro da tutela, Diamantino Azevedo, realizou.

“Se querem entender o vosso cliente, vão visitar o vosso cliente”, incentivou.

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