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Cinema de Sarah Maldoror sobre guerra colonial em Angola em foco em Londres

A obra da realizadora francesa Sarah Maldoror, que adaptou a obra do escritor José Luandino Vieira para cinema sobre a guerra colonial em Angola, vai estar em análise este Sábado em Londres.

: Bantumen
Bantumen  

A sala Garden Cinema, em parceria com a publicação London Review of Books (LRB), vai mostrar a curta-metragem "Monangambé", datada de 1959, uma adaptação do conto "O Fato Completo de Lucas Matesso", do escritor angolano José Luandino Vieira.

Esta curta-metragem antecedeu o filme mais conhecido de Maldoror, "Sambizanga" (1972), considerada a primeira longa-metragem rodada em África por uma mulher de ascendência africana e por registar o movimento de libertação de Angola.

"Sambizanga" também vai ser exibido em Londres, no Sábado, às 20h40, com uma introdução a cargo da gestora cultural Annouchka de Andrade, filha de Sarah Maldoror.

Antes, numa sessão já esgotada, vai ainda ser projectado "O Hospital de Leninegrado" (1982), filme baseado numa história de Victor Serge, um opositor de Estaline na União Soviética do início dos anos 1930.

"Tal como 'Monangambé' e 'Sambizanga', traça o percurso de um militante em direcção à prisão e à detenção. Maldoror, admiradora de Serge, sempre encarou a libertação africana num contexto global alargado", lê-se no programa.

Os filmes vão ser apresentados por Annouchka de Andrade, que está a completar um arquivo digitalizado da obra da mãe, juntamente com o jornalista Jeremy Harding, que publicou um longo texto sobre Sarah Maldoror em Maio na LRB.

Sarah Maldoror (1929-2020) nasceu em França e fez a sua formação em cinema em Moscovo, para onde se mudou em 1961, para frequentar a Academia de Cinema de Moscovo.

Depois da estadia na União Soviética, juntou-se aos pioneiros dos movimentos de libertação africanos, ao lado do companheiro, o angolano Mário Pinto de Andrade, fundador e primeiro presidente do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA).

O cinema de Sarah Maldoror teve por palco a Guiné-Bissau e o Sahel, a ilha do Fogo, em Cabo Verde, a Tunísia, o Senegal, abordando o racismo, questões de género, o papel da mulher na luta pela libertação e o património cultural africano.

A sua obra mais conhecida é a longa-metragem "Sambizanga" (1972), inspirada por "A Vida Verdadeira de Domingos Xavier", de Luandino Vieira.

Considerada uma das maiores obras do cinema africano, foi filmada no Congo e aborda a guerra colonial portuguesa, desde o início, em Angola.

A sua cinematografia inclui documentários como "Máscara das Palavras", dedicado ao poeta Aimé Césaire, e ao líder senegalês Leopold Senghor, poeta da negritude e membro da Academia Francesa.

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