A Associação de Pesca Artesanal, Semi-industrial e Industrial de Luanda (APASIL) controla 164 cooperativas de pesca artesanal e apenas 20 associados receberam formalmente os cartões subvencionados para a aquisição da gasolina.
O presidente da APASIL, Manuel Azevedo, declarou à Lusa que decorre neste momento um processo de recadastramento dos seus associados, a cargo da direção provincial da Agricultura e Pescas, devido a algumas falhas registadas no processo inicial.
Enquanto aguardam pelos respectivos cartões subsidiados, os pescadores em Luanda continuam a pagar 300 kwanzas pelo litro de gasolina.
"Estamos calmos até agora, porque foi-nos garantido que quando vierem os cartões serão dados com retroactivos", argumentou.
Segundo Manuel Azevedo, o plafond de 140.000 kwanzas/mês "vai compensar", sobretudo os operadores da pesca diária, que gastam entre 40 e 50 litros: "Quer dizer que dá muito bem para eles esse valor de 140.000".
Desde 2 de Junho, o litro de gasolina em Angola custa 300 kwanzas contra os anteriores 160 kwanzas.
O Governo anunciou a retirada gradual de subsídios à gasolina, mantendo a subvenção aos taxistas, mototaxistas e ao sector agrícola e pesqueiro, prometendo cartões subvencionados aos operadores.
Em relação às queixas dos pescadores da Mabunda, distrito urbano da Samba, sobre a paralisação da actividade em consequência da subida do combustível, o presidente da APASIL referiu que a situação afecta sobretudo o segmento da pesca de fundo (também chamada pesca de viagem, realizada três vezes por mês).
Para a pesca de viagem, explicou, "não compensa porque os operadores fazem duas a três viagens por mês, estes gastam 380.000 kwanzas por viagem, o cartão só tem 140.000 kwanzas e quando regressarem não consegue cobrir".
"Então, este é o 'handicap' que ficou e estes [pescadores] estão parados neste momento", reconheceu, considerando, ao mesmo tempo, que a subida do combustível vem ajustar e tornar "leal" a subvenção do combustível.
Segundo o dirigente associativo, os pescadores compram o litro de gasóleo a 490 kwanzas, "o que já vem de há muitos anos".
"Quer dizer que nós recebemos de bom agrado [a alteração do preço do combustível], porque vamos agora ajustar à concorrência que tem sido desleal, uns com combustível subvencionado e outros não", rematou Manuel Azevedo.