Os dados foram avançados pelo ministro da Energia e Águas, João Batista Borges, no Fórum de Energia e Ambiente do semanário económico Expansão.
"A transição energética precisa de ser entendida não como um fardo imposto às pessoas mais vulneráveis, mas como uma grande oportunidade para melhorar os meios de subsistência em todo o continente africano", disse, citando o desenvolvimento de novas indústrias e oportunidades de emprego como aspectos positivos.
Sublinhou que, apesar dos receios de que a transição energética em países produtores de petróleo, como é o caso de Angola, leve à perda de empregos no sector energético, em particular na indústria de combustíveis fosseis não é inevitável que isso conduza ao aumento do desemprego, pois os sectores relacionados com a transição energética vão compensar essas perdas e fornecer alternativas de emprego.
Em Angola – país onde o petróleo e gás correspondem a um terço do produto interno bruto e representam 90 por cento das exportações – surgem também oportunidades a partir deste "movimento estratégico", notou, em particular o desenvolvimento de um novo sector de energia renovável e aumento das taxas de electrificação.
Segundo o governante, os planos para este sector incluem o investimento em energia hidroeléctrica que "tem o potencial para ser uma fonte chave de energia em Angola", já que se estima que representa a maior fatia da matriz energética nacional até 2027, tendo em conta a construção do empreendimento de Caculo Cabaça.
O ministro apontou ainda o desenvolvimento da capacidade instalada de energia solar e do gás, nomeadamente através da capacidade instalada da central de ciclo combinado do Soyo e uma nova central no Namibe.
Está também projectada a construção de um parque eólico na região do Tombua, com cerca de 100 megawatts, bem como outros seis parques mais pequenos no planalto central.
O processo de transição energética integra também uma reforma no quadro regulamentar e legal em termos da regulamentação da microgeração, por exemplo "que vai fazer surgir inúmeros pequenos produtores domésticos" que passarão a vender o excedente da produção ao sistema público.