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Fitch piora perspectiva de evolução de Angola para estável e decide manter rating em B-

A agência de notação financeira Fitch Ratings desceu na Sexta-feira a perspectiva de evolução da economia de Angola, de Positiva para Estável, mantendo o rating em B e piorando as previsões macroeconómicas.

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"A revisão do 'outlook' de Angola de Positiva para Estável reflecte as previsões de menor crescimento económico, maior inflação e um aumento no rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) em resultado da forte depreciação do kwanza", lê-se na nota que explica também a decisão de manter o 'rating' em B-.

A Fitch Ratings reduziu a previsão de crescimento para 1,5 por cento do PIB este ano, 2 por cento no próximo ano, face aos 3,1 por cento registados em 2022, estimando também que a inflação suba de 14,7 por cento, no final deste ano, para 17,1 por cento em 2024, quando até agora previa que já no próximo ano os preços crescessem a apenas um dígito.

"O crescimento económico mais fraco reflecte a menor produção petrolífera face a 2022, que prevemos que vá descer para uma média de 1,09 milhões de barris por dia neste e no próximo ano, face aos 1,14 milhões de barris diários no ano passado", explica a Fitch.

Na nota, os analistas estimam ainda que o kwanza, que perdeu 30 por cento do valor face ao dólar no primeiro semestre, chegue ao final do ano a valer 760 kwanzas por dólar, face aos 504 kwanzas por dólar no final de 2022, "mas uma depreciação maior é possível se a oferta interna continuar limitada", alertam.

Sobre o rácio da dívida pública, que está fortemente ligada à evolução da moeda, a Fitch Ratings prevê que Angola falhe as metas, chegando ao final deste com uma dívida de 78,9 por cento do PIB, crescendo face aos 65,2 por cento registados em 2022.

"Isto reflecte principalmente a desvalorização do kwanza, já que 71 por cento do volume de dívida total é denominada em moeda estrangeira", explicam, prevendo que um forte crescimento nominal do PIB no próximo ano sustente uma descida do rácio para 69,9 por cento em 2024.

"Isto contrasta com a nossa previsão anterior de um declínio na trajectória da dívida, para 58 por cento e 54,5 por cento em 2023 e 2024", salientam.

Para além de descerem a previsão de evolução da economia para Estável, o que significa que Angola não deverá assistir uma melhoria do rating nos próximos 12 a 18 meses, continuando em B-, ou seja, abaixo da recomendação de investimento, a Fitch Ratings anunciou também que decidiu manter a avaliação da qualidade de crédito soberano no nível actual: B- para as emissões em moeda externa, e B- para as emissões em moeda local.

"A manutenção do rating equilibra um conjunto de indicadores de governação fracos, elevada inflação e um dos maiores níveis de dependência das matérias primas entre os países analisados pela Fitch, com um nível maior de reservas externas face aos seus pares e riscos geríveis nos pagamentos de dívida devido ao preço favorável do petróleo, que prevemos ser de 80 e 75 dólares neste e no próximo ano", concluem os analistas.

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