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Exclusão do sistema financeiro afecta mais zonas rurais e mulheres no país

A ministra das Finanças realçou esta Quinta-feira, em Luanda, os “sérios desafios” de inclusão financeira nas zonas rurais e para as mulheres, com percentagens altas de exclusão nessas duas categorias, segundo uma pesquisa efectuada sobre o assunto.

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Vera Daves de Sousa disse, em declarações à imprensa, no final da conferência "Inclusão Financeira em Angola – Desafios e Oportunidades", organizada pelo Banco Nacional de Angola (BNA), que os resultados da pesquisa demonstram que ainda há "bastante trabalho a fazer".

"Relativamente às zonas urbanas não estamos mal, mas estamos com sérios desafios relativamente às zonas rurais e também se formos numa perspectiva de género, junto das mulheres. Temos aqui muito trabalho a ser endereçado não só pelo BNA, mas por todas as instituições que participam e que têm um papel no sistema financeiro", sublinhou.

O Inquérito FinScope Consumer Angola 2022 sobre o estado da inclusão financeira angolana no ano passado, efectuado pela FinMark Trust, revelou que as pessoas com maior inclusão financeira estão nas áreas urbanas (48 por cento) e que a maioria das mulheres são financeiramente excluídas (60 por cento), bem como os indivíduos que dependem da agricultura (70 por cento), do trabalho por conta própria (54 por cento) e dos biscates (68 por cento).

Segundo Vera Daves, o Governo tem um papel a fazer, através dos seus programas, para conseguir aumentar os níveis de inclusão financeira.

"Saímos daqui com um diagnóstico claro, com recomendações claras, o que temos que fazer agora é, de forma coordenada, concertada e alinhada, endereçarmos esses desafios de exclusão financeira e de baixos níveis de saúde financeira por parte dos angolanos", destacou a ministra.

Dara Castelo, da FinMark Trust, que apresentou o estudo destacou que Luanda, capital do país, tem a maior taxa de inclusão financeira (58 por cento), que nas restantes províncias do país "o típico é a exclusão financeira".

"Ao nível regional, olhando para os países da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] Angola tem a menor taxa de inclusão financeira", acrescentou.

De acordo com Dara Castelo, a maioria dos financeiramente incluídos usam apenas um produto financeiro, "o que sugere que há pouca profundidade mesmo na taxa de inclusão, que pode haver uma falta de oferta de produtos adaptados a todas as suas necessidades diferentes do dia-a-dia".

Relativamente à acessibilidade, considera-se que os serviços financeiros digitais, como pagamentos móveis e outros, promovem a inclusão financeira, principalmente porque reduzem as barreiras de acesso.

Embora 72 por cento de todos os inquiridos tenham acesso a um telemóvel, a penetração dos pagamentos móveis é muito baixa, sendo que apenas 6 por cento dos entrevistados têm contas registadas.

"O que aponta uma enorme oportunidade para alargar a inclusão financeira através dos móveis", considerando que não se pode "replicar as barreiras que existem nos produtos tradicionais e a tecnologia acessível à maior parte da população, que não são 'smartphones'".

Relativamente a poupanças e investimentos, o inquérito revela que 75 por cento não poupam e entre os que o fazem "há uma dependência em mecanismos informais", nomeadamente guardar dinheiro em casa.

O consumo de crédito é baixo, de acordo com o documento, "um pouco mais pronunciado entre os funcionários públicos", sendo a preferência predominante procurar empréstimos entre familiares e amigos.

O estudo deixa algumas recomendações, nomeadamente para o sector público, no sentido de elaborar uma Estratégia Nacional de Educação Financeira que complemente a política de inclusão financeira, com foco em competências digitais e para o BNA que continue a dar prioridade à educação financeira do consumidor através do programa de literacia financeira e digital, entre outras.

A pesquisa teve como objectivos descrever os níveis de inclusão financeira, de uso e acesso aos produtos financeiros, formais e informais, os tipos de produtos e serviços usados pelos indivíduos financeiramente incluídos, identificar os facilitadores e as barreiras para o uso de produtos e serviços financeiros e avaliar as tendências ao longo do tempo.

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