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Metade dos angolanos consideram-se empreendedores mas quatro em cada cinco negócios falham, aponta estudo

Cerca de metade dos angolanos consideram-se empreendedores ‘early-stage’ (em fase de arranque), mas quatro em cada cinco negócios criados em Angola não sobrevivem, revela o estudo GEM Angola 2020/2021.

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O relatório, que realiza uma avaliação anual da actividade empreendedora e das aspirações e dificuldades dos indivíduos no país, baseia-se nos resultados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020/2021 Global Report e foi apresentado esta Quinta-feira, em Luanda, na Universidade Católica de Angola.

O consórcio GEM investiga a actividade empreendedora em mais de 120 economias e baseou-se, em Angola, nos dados de uma sondagem junto de 2000 indivíduos, com idades entre os 18 e os 64 anos, concluindo que o número de empreendedores 'early stage' em Angola tem crescido de ano para ano.

Em 2020, a percentagem da população adulta angolana que se considera como tal aproximou-se dos 50 por cento, a maior de todas as economias analisadas.

A intenção de dar início a um negócio é também mais elevada entre a população angolana do que em qualquer dos outros países analisados, com os inquiridos a apontarem duas motivações: ganhar a vida devido à escassez de oferta de emprego e fazer a diferença no mundo.

No entanto, as intenções não correspondem a uma elevada taxa de sucesso.

Por um lado, a taxa de negócios estabelecidos não foi além dos nove por cento, sugerindo dificuldade em fazer um negócio sobreviver além da fase de arranque (correspondentes aos primeiros três anos e meio).

Por outro, a taxa de cessação de negócios foi de 39 por cento em 2020, o que, comparando com a taxa de empreendedorismo 'early stage', permite concluir que por cada cinco negócios iniciados em Angola quatro não sobrevivem.

O estudo concluiu também que a actividade empreendedora 'early stage' na faixa etária mais jovem, entre 18 e 24 anos, foi a que registou maior crescimento em 2020, com um aumento claro de 'start ups' e empreendedores jovens em Angola.

"O ecossistema tem sofrido transformações rápidas motivadas sobretudo por dois aspectos: uma população empreendedora jovem com uma expressão cada vez maior e, associado a isto, novos modelos de negócio baseados no digital e em novas tecnologias", aponta o relatório.

Outro dado de destaque revela que Angola foi o único país que registou, em 2020, uma percentagem de empreendedorismo 'early stage' entre as mulheres superior a 40 por cento e no último ano, a taxa de empreendedoras nesta categoria foi superior à de empreendedores (51 por cento e 48 por cento, respectivamente).

Em 2020, ano que ficou marcado pela crise pandémica, o receio de insucesso, que vinha sendo relativamente baixo, ficou próximo dos valores de 2014 (35 por cento e 37 por cento, respectivamente), tendo sido registado um aumento de 84 por cento na percepção de risco face a 2018.

O estudo indica que a capacidade da população angolana para reinventar o empreendedorismo "é, actualmente, a condição estrutural que mais facilita o impulso empreendedor, sobressaindo como limitadoras do desenvolvimento da actividade empreendedora a transferência de investigação & desenvolvimento (I & D), educação e formação e programas governamentais".

A análise alerta, por isso, para a necessidade de adoptar políticas e programas de apoio ao empreendedorismo dirigidos a grupo específicos e desenhados de acordo com as suas necessidades, tendo em conta a escassez de oportunidades para certos grupos sociais nomeadamente mulheres e jovens.

O estudo GEM Angola 2020/2021 resultou de uma parceria entre a Sociedade Portuguesa de Inovação, o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola e o Banco de Fomento Angola.

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