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BNA reduz coeficiente de reservas obrigatórias de 22 para 17 por cento até Julho

O Banco Nacional de Angola (BNA) vai reduzir gradualmente o coeficiente de reservas obrigatórias de moeda nacional dos actuais 22 por cento para 17 por cento até Julho e intensificar as operações em mercado aberto para travar as pressões inflacionistas.

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O anúncio foi feito na Huíla pelo governador do BNA, José de Lima Massano, após a reunião do Comité de Política Monetária (CPM), em que esta foi a principal novidade.

"Pese embora as incertezas e riscos associados ao contexto económico externo e potenciais impactos sobre a economia nacional, o actual curso e instrumentos da política monetária mantêm-se adequados para alcançar o objectivo de inflação", afirmou Massano.

Ainda assim, prosseguiu, o CPM decidiu reduzir os níveis de imobilização financeira, iniciando o processo gradual de redução do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em 5 pontos percentuais até Julho de 2022. No mesmo período vai intensificar as operações no mercado aberto face à necessidade de fortalecer os instrumentos de transmissão da política monetária.

Assim, numa primeira fase, o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional é reduzido de 22 por cento para 19 por cento, mantendo-se inalterado o coeficiente para moeda estrangeira nos 22 por cento.

Mantêm-se também inalteradas as taxas básicas de juros (20 por cento), da facilidade permanente de cedência de liquidez (25 por cento) e da facilidade permanente de absorção de liquidez (15 por cento).

Actualmente, os bancos comerciais reservam 22 por cento dos depósitos que captam junto do BNA, a chamada reserva obrigatória, que não tem qualquer remuneração.

"Em momentos em que entendemos existir um excesso de liquidez da economia que pode levar a uma pressão de preços nós mexemos no coeficiente, travando, por isso, os níveis de liquidez disponíveis no banco comercial", explicou o responsável do BNA.

O coeficiente vai baixar 5 pontos percentuais, recuando, numa primeira fase, de 22 por cento para 19 por cento e até Julho para 17 por cento.

"Ao mesmo tempo, estamos a intensificar as operações de mercado aberto, uma forma de os bancos centrais intervirem nos mercados para o mesmo exercício – retirar o excesso de liquidez – mas, em vez de fazer recurso às reservas obrigatórias, recorrer a operações de mercado aberto, oferecendo uma taxa de juro aos bancos comerciais para reter liquidez", clarificou.

Com este acerto, "os bancos comerciais terão menos recursos imobilizados e poderão aplicar esses recursos via operações de mercado aberto", para não se fazer sentir qualquer impacto que possa ser entendido como menos positivo a nível da estabilidade de preços na economia, sublinhou Lima Massano.

"Queremos continuar a fazer uma gestão bastante cuidada da liquidez que temos disponível para assegurarmos a manutenção do curso de estabilidade de preços na economia que temos vindo a registar desde o início deste exercício económico", reforçou.

A CPM abordou as tendências inflacionistas que o mundo vem enfrentando nos últimos anos, com os Estados Unidos da América a atingirem o nível mais alto de inflação os últimos 40 anos, em Abril.

Também o Brasil, um dos principais países de proveniência dos bens alimentares consumidos em Angola a inflação homóloga acelerou para 12,13 por cento em Abril, o nível mais alto desde Outubro de 2013.

Já na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), as pressões inflacionistas aliviaram ligeiramente em países como Angola, Botsuana e Zâmbia.

Os últimos dados estatísticos de Angola revelam uma desaceleração de 0,44 pontos percentuais em Abril de 2022, com a inflação mensal a fixar-se numa taxa de 1,12 por cento, o nível mais baixo desde Junho de 2019.

A inflação homóloga atingiu em Abril os 25,79 por cento, uma redução de 1,21 pontos percentuais face ao mês anterior, com realce para a descida nas categorias de alimentação e bebidas alcoólicas.

A moeda nacional manteve a tendência de apreciação face ao dólar em termos reais e nominais, reflexo da melhoria dos termos de troca, com o câmbio a fixar-se em Abril nos 405 kwanzas face ao dólar (446 em Março), representando uma apreciação mensal de 10 por cento e acumulada de 37 por cento.

No que diz respeito às reservas internacionais líquidas, no final de Abril, situaram-se em 15,34 mil milhões de dólares, acima dos 14,40 milhões de dólares de Março, o que corresponde a uma cobertura de 10 meses de importações de bens e serviços

A próxima reunião do CPM acontece a 29 de Junho na província de Cabinda, depois da Huíla ter estreado o modelo de descentralização.

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