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Defesa

Especialista exalta trabalho das Forças Armadas de Angola na segurança regional de África

As Forças Armadas angolanas são actualmente um “garante da paz” internamente e estão a ganhar “uma dimensão crescente” no contexto da segurança regional, do Golfo da Guiné aos Grandes Lagos, considerou o especialista militar português Luís Bernardino.

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“O que temos actualmente [em Angola] são umas Forças Armadas que resultaram de um processo de fusão, de integração de vários movimentos de libertação numas Forças Armadas únicas, que representam um país. São um pilar do país”, disse à Lusa o Tenente-Coronel Luís Bernardino, autor do livro "Angola in the African Peace and Security Architecture. The Strategic Role of the Angolan Armed Forces" [“A posição de Angola na arquitectura de paz e segurança africana, análise da função estratégica das forças armadas angolanas“].

O livro é uma edição em inglês da versão portuguesa, lançada em 2013 pela editora Almedina, que resulta da tese de doutoramento em Relações Internacionais do autor, um especialista em questões militares africanas.

“Não havia nada escrito em inglês sobre este tema. Era importante preparar um livro que pudesse ser uma referência para aquilo que são as Forças Armadas de Angola no contexto internacional: como nasceram, o que são actualmente e o que representam no contexto regional”, disse o militar, que recentemente esteve integrado no contingente português em missão da ONU no Mali.

Além da sua dimensão de segurança e defesa, considera o autor, “as Forças Armadas de Angola têm crescido na sua capacidade operacional e agora têm também um papel regional, integradas nas organizações regionais de segurança, como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADEC, na sigla em inglês) e na região dos Grandes Lagos”.

"Angola está num centro nevrálgico entre estas organizações (...) E tem uma ligação interessantíssima que é a Comissão do Golfo da Guiné, cuja sede, por acaso, até está em Luanda", disse.

Segundo o Tenente-Coronel Luís Bernardino, Angola tem vindo a afirmar-se “pela liderança em algumas processos de pacificação” locais, mas sobretudo “pela potencialidade crescente das suas forças armadas”.

“Têm uma maior capacidade naval e aérea, e mais capacidade na linha de defesa das fronteiras - controlo das migrações nas Lundas, no Norte. Esta operacionalidade tem sido reconhecida, nos exercícios regionais e também pelos parceiros internacionais”, salientou.

Questionado sobre se as Forças Armadas de Angola (FAA) representam um garante da paz num país que esteve em guerra civil de 1975 a 2002, Luís Bernardino concorda e acrescenta que até já representam a dimensão externa angolana.

"Penso que sim, apesar de ainda estarem num processo de reestruturação, de reequipamento e redimensionamento depois de um período longo de guerra. Mas neste momento representam um sentido nacional, de norte a sul”, disse o militar.

As FAA são vistas já, salientou, “como um poder do Estado naquilo que é a política externa”.

“A nível regional actuam já em representação de Angola em termos políticos, em termos de afirmação da sua diplomacia”, disse o Tenente-Coronel, ressalvando que em África os militares são vistas muitas vezes como “mecanismos de repressão”.

“Esta mudança de paradigma, em que se começa a ver as Forças Armadas como mecanismos de desenvolvimento, de segurança e representando o país no contexto internacional, é uma evolução significativa. E eu penso que Angola está nesse caminho”, concluiu.

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