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Turismo

Falta de divisas? Onde ir para fora cá dentro

No momento em que escrevemos estas linhas, 100 dólares custam 72.000 kwanzas no mercado informal. É practicamente impossível adquirir divisas nos bancos comerciais. Não há dólares, não há euros, não há moeda estrangeira. Como consequência, as pessoas simplesmente pararam de viajar para fora, ou então fazem-no com muito menos frequência. Mas será este o motivo para ficarmos eternamente em casa, presos na num filme de terror financeiro, na incapacidade de sairmos deste pesadelo? Não nos parece.

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Não vamos aqui fingir que existe turismo interno no verdadeiro sentido deste conceito, e muito menos uma indústria organizada e estruturada que o suporte. Entretanto, já começam a existir algumas opções, ainda que apenas para viajantes com um poder de compra acima da média. Estas opções são invariavelmente mais baratas que o custo total de trocar kwanzas na rua e efectuar uma viagem ao exterior, e oferecem a oportunidade de conhecer a imensidade e o potencial turístico do nosso país. Partilhamos aqui alguns lugares espalhados por Angola, desde fazendas a safaris, bem como dicas sobre como viajar sem sequer pagar estadia, fazendo algo que muita gente faz há muito tempo: campismo.

Lodge Kapembawé

Localizado na comuna de Talamajamba, município da Baía Farta, o Lodge Kapembawé está “inserido no Parque Ambiental AMAC, uma extensa área mista de savana com acentuados declives, enquadrada a oeste pelo Atlântico, a sul pelo Rio Coporolo e a este/norte por relevos expressivos.” Apesar de estar apenas a 45 minutos da cidade de Benguela, a sensação que se tem no Lodge é de isolamento, sossego e paz.

O Kapembawé é um dos nossos lodges preferidos no país devido ao leque de actividades que oferece: pode optar por um safari pelo parque, passeios de iate pela costa benguelense, passeios de burro e bicicleta, pesca no Rio Coporolo, mergulhos na maravilhosa piscina, BTT, paintball, e várias outras.

O Lodge participou no último Benguela Restaurant Week e tem uma cozinha de realce, comandada pelo chef angolano Alfredo Gonçalo; é comum receber residentes das cidades de Benguela e Lobito que aparecem de propósito para comer no restaurante.

Flamingo Lodge

Quando pensamos no Flamingo Lodge, a primeira palavra que nos vem a mente é “sossego”. Já a melhor sensação é a de adormecer ao som das ondas do oceano Atlântico. Localizado numa praia de 70 quilómetros de cumprimento, o Flamingo é o único sinal de presença humana nesta parcela da costa do Namibe. À nossa volta é só mar e deserto. O Lodge em si é composto por 11 bungalows rústicos, no verdadeiro sentido da palavra, sem qualquer luxo. Porém, as camas são confortáveis, os autoclismos funcionam e o chuveiro tem água quente. Albergam, entre elas, um total de 30 pessoas. Há também um campsite para os que preferem dormir em tendas no deserto. O edifício principal do Flamingo alberga o refeitório e o pequeno bar e é o único lugar no lodge com televisão e internet. O Lodge é detido e gerido por um casal sul-africano que vive lá há vários longos anos.

Do centro do Namibe, a viagem para o Flamingo Lodge demora aproximadamente 1 hora. Durante a viagem, após saírmos do asfalto e entrado na picada, somos rodeados apenas das areais do deserto e o imenso mar. Em alguns pontos, tivemos de conduzir na praia a escassos metros das ondas bravas. Mas que cenário. Finalmente, lá no horizonte, vimos materializar o nosso destino.

Em frente ao Lodge tem a imensidade do Atlântico. A praia é segura para natação, surf e pesca, e o estabelecimento tem disponível algumas pranchas e material de pesca. As águas do mar aqui variam entre os 18°-24° C, dependendo da altura do ano. Por perto está situada a foz do Rio Flamingo, que dá nome ao Lodge e que se encontra seco durante a grande maioria do ano. As noites do Flamingo são mágicas. A lua brilha intensamente e devido à total ausência de luzes artificias, é possível ver a galáxia em si. O Flamingo é também um grande destino para os amantes de pesca desportiva, e todos os anos atrai os amantes desta prática vindos dos quatro cantos do mundo, principalmente da África do Sul.

Campismo

O turismo interno no país não tem de ser feito apenas em hotéis. Todos os guias de turismo já escritos sobre Angola mencionam a possibilidade de acampar, e há muita gente que o faz. Temos amigos que têm explorado diversas províncias do país e acampado nelas, muitas vezes perto de marcos turísticos. Entre os conselhos que dão, contudo, é a necessidade de interagir sempre com os aldeões dos locais que visitam, não só para dar a conhecer que pretendem acampar lá mas também por questões de segurança.

Ao contrário de outros países mais desenvolvidos, não é comum ver parques de campismo em Angola. Contudo, é cada vez mais comum ver pessoas a acampar, e em alguns lugares, como na praia de Cabo Ledo e na costa benguelense, certamente não será o único. Muitos destes lugares são de difícil acesso, por isso recomendámos sempre ir com jipes bem equipados e condutores experientes.

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