A decisão foi tomada na assembleia-geral de trabalhadores da maior transportadora de Luanda, realizada na Terça-feira, em Luanda, segundo informou à agência Lusa o secretário-geral adjunto da comissão sindical dos trabalhadores da TCUL, Domingos Epalanga.
No encontro, foram feitas várias recomendações, entre as quais o pagamento imediato dos salários em atraso, a salvaguarda dos próximos salários, que deverão ser pagos com regularidade e pontualidade, o pagamento de impostos descontados aos trabalhadores, nomeadamente o Imposto do Rendimento de Trabalho (IRT), segurança social e a quota sindical.
Domingos Epalanga disse que desde princípios de 2015, a entidade patronal se furtou ao pagamento desses impostos, entretanto descontados aos cerca de dois mil trabalhadores daquela empresa.
Segundo Epalanga, os impostos foram descontados aos trabalhadores de abril de 2015 a Janeiro deste ano, por altura da regularização de nove meses de salários em atraso, que resultou numa paralisação total dos trabalhos por cerca de um mês.
"Regularizaram-se os salários de Abril a Janeiro deste ano, deduziram dos nossos salários os descontos, mas esses valores não foram alocados para as instituições e sem prévio conhecimento da comissão sindical, o patrão fez isso à revelia", referiu Domingos Epalanga.
Num encontro, realizado no dia 7 deste mês entre o ministro dos Transportes, a direcção da TCUL e os trabalhadores, a entidade patronal foi questionada pelo governante angolano sobre a situação, mas a resposta foi alegadamente evasiva.
"Neste encontro o ministro questionou o patrão, perguntando o que se passava com esta questão, o patrão alegou que não tinha regularizado a segurança social e o IRT de 2014, por isso fez o uso dos valores de 2015 para pagar 2014. Esta justificação surpreendeu também o ministro", disse o sindicalista.
Para Domingos Epalanga, "o que se está a passar na TCUL é uma completa ignorância das normas legalmente instituídas, vigentes em Angola e não só", que os trabalhadores "lamentam e condenam com veemência a reincidência do patronato nesta prática".
"Porque estamos a discutir hoje uma situação que discutimos há quase cinco meses atrás. Terminámos as últimas negociações para o levantamento da última greve no dia 14 de Janeiro deste ano e volvidos cinco meses estamos a discutir os mesmos problemas e aqui com mais gravidade", sublinhou.
Face à situação, os trabalhadores exigem agora garantias por escrito da empresa, perdida que está a confiança, com várias mostras de "má-fé" da outra parte.
"Porque em Janeiro, quando tivemos as últimas negociações para o levantamento da greve nos foi dada uma garantia verbal, não foi documentada, e no mês a seguir começaram a violar, permaneceram na violação até ao momento em que estamos", criticou.
"Mesmo que paguem os salários, sem a garantia vamos realizar a greve porque senão correremos o risco de voltarmos as discutir os mesmos problemas", reiterou.